O programa “Oceano - Educar para uma Geração Azul”, desenvolvido pela Fundação Oceano Azul e pelo Oceanário de Lisboa em parceria com a Direcção-Geral da Educação, é neste momento um dos grandes projectos educacionais em Portugal. Desde a sua criação, há apenas dois anos, esta iniciativa já formou 900 professores do 1.º ciclo em todo o país, chegando a 15 mil alunos e 170 escolas.

Os frutos são reconhecidos por todos e, recentemente, a Secretaria Regional da Educação dos Açores revelou que pretende estender o programa “Educar para uma Geração Azul” a mais escolas e ilhas da região, muito devido ao resultado alcançado com este programa dirigido aos alunos entre os 6 e os dez anos.

«A Secretaria da Educação pretende garantir uma efectiva alteração de comportamentos relativamente à conservação do oceano, valorizar o seu capital natural único e criar uma geração verdadeiramente consciencializada para a necessidade de gerir o oceano de forma sustentável», afirmou a responsável pela tutela da Educação nos Açores, Sofia Ribeiro, reconhecendo os valores intrínsecos deste projecto.

Tendo como objectivo «transformar as próximas gerações de portugueses nos cidadãos europeus mais comprometidos com a sustentabilidade e com a conservação do oceano», espanta termos apenas agora um programa que leva literacia do oceano às salas de aula.

Não será o momento de revertermos este fado e fazermos deste programa uma porta de entrada para navegações mais profundas em termos curriculares?

Ninguém nega hoje a importância do oceano na sustentabilidade do homem, da estreita dependência que os seres humanos têm do mar, além da importância estratégica que o mar possui. A esses temas, juntemos por exemplo outro muito em voga na nossa sociedade nos últimos anos: a conservação do oceano, a sua importância para a nossa sobrevivência.

Ou seja, há uma série de assuntos que necessitam ser debatidos desde cedo e por isso a urgência de colocarmos de vez o oceano no plano curricular nacional, com o programa “Oceano – Educar para uma Geração Azul” a servir de modelo inicial do que podemos (e devemos) fazer.

Ao abordar oito áreas do conhecimento sobre o oceano e sendo transversal a várias matérias, como literatura, ecologia, direito, estratégia, geografia, economia, história, física e química, por exemplo, o programa “Educar para uma Geração Azul” é uma bússola do caminho que podemos seguir na inclusão da temática Oceano nas escolas, oferecendo aos alunos uma nova visão da importância dos mares nas nossas vidas, não se limitando apenas a ser um meio para a grandeza final dos portugueses nos Descobrimentos.

Estudar mais sobre o oceano é um passo à frente para apre(e)ndermos mais sobre a sustentabilidade ambiental, a importância da economia verde e a descarbonização, por exemplo, o que irá fazer com que sejamos melhores cidadãos no presente e mais conscientes do papel que o oceano tem nas nossas vidas.

Evidentemente que muito já se fez nas nossas escolas e no próprio programa curricular, mas acreditamos ser desejável dar mais um passo, pois este avanço poderá ser determinante para aumentar a nossa relação com o oceano, que não pode ser visto nos nossos dias como apenas uma “imensa mancha azul” que “cobre mais de 70% da superfície da Terra”.

Os inúmeros desafios e ameaças que o oceano atravessa precisam de ser incluídos desde cedo nos mais jovens e a escola é o melhor local para tal, caso contrário poderemos estar a comprometer o nosso presente e futuro. Para conhecermos o oceano que temos e planearmos o que queremos, é necessário dar conhecimento aos mais novos, dando assim uma oportunidade a nós próprios, humanidade, de sobreviver.



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