Reconhecimento, sim, simples reconhecimento, não sem a devida vénia, a quem, independentemente de todos os eventuais obstáculos, sabe que «o mundo não é de quem sonha conquistá-lo mas de quem o conquista», como diria o nosso Pessoa.

«O mundo não é de quem sonha conquistá-lo mas de quem o conquista», escrevia Pessoa e nós, Jornal da Economia do Mar, subscrevendo o que Pessoa escreveu, limitamo-nos a reconhecer quem, independentemente de todos os obstáculos, não deixa de investir sistematicamente no desenvolvimento de alguns dos mais arrojados inovadores projectos hoje realizados em qualquer parte do mundo.

Se cada época tem os seus heróis, estes são, de facto, alguns dos nossos heróis de hoje, com efervescente sangue salgado nas veias, visão, divina imaginação e destemida capacidade de realização, sabendo também que, se nada é dado por garantido na vida, a vida só verdadeiramente vale se totalmente exposta ao extremo risco, sem temor nem pavor, como se dizia em mais felizes tempos.

Sim, todos sabemos não nos encontrarmos tão avançados quanto muitos de nós gostaríamos mas não menos verdade é também estarmos bem mais adiantados, em muitos casos, do que a maioria supõe ou conhece.

Por isso mesmo também a importância deste Reconhecimento. Não tanto porque aos próprios adiante muito mas, dando a conhecer a uma mais alargada maioria de pessoas, talvez, pelo exemplo, ajude a inspirar e a conduzir outros a aventurarem-se também nos novos mundos da investigação e da criação.

Como sabemos, a Civilização passou de um momento de confronto militar para um momento de confronto eminentemente económico, dependendo o desenvolvimento económico essencialmente do desenvolvimento tecnológico.

Como no passado?

Sem dúvida, mas hoje mais determinantemente ainda, razão também pela qual as realizações aqui reconhecidas assumem e desempenham tão decisiva importância.

E porquê cinco e não seis, quinze ou vinte e três?

Não, o limite não decorre de evidente limitação do número de projectos a merecerem reconhecimento mas, havendo necessidade de impor um limite, o número cinco, número inscrito imemorialmente na nossa Bandeira, as Quinas, representando também os cinco elementos, terra, ar, fogo, água e espírito, como cinco dedos da mão, entre múltiplos outros aspectos que não valerá a pena estar agora a referir, afigura-se um bom número _ um bom, auspicioso e significativo número.

Assim, a terminar a II Grande Conferência do Jornal da Economia do Mar, 2016, como se tudo não fora senão pretexto para esse mesmo singular momento, foram atribuídos os cinco seguintes Reconhecimentos:

 

À Câmara Municipal de Viana do Castelo, pela Visão

Reconhecimento pelo projecto Centro de Mar que, alargado a toda Comunidade Intermunicipal do Minho, pretende levar todos os jovens, desde o primeiro ciclo, à prática de desportos de mar como a Vela, Canoagem, Remo ou Surf, «como se fossem a uma simples aula de ginástica», ou seja, dispondo de todo o equipamento necessário á respectiva prática, sem mais.

Projecto decisivo não apenas em termos de desporto mas, sobretudo, para ligação das novas gerações ao mar, aos seus mistérios, aos seus segredos, aos seus problemas e potencialidades em todos planos, desde o científico ao económico e mesmo político ou geopolítico.

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O Navio-Museu Gil Eanes, onde funciona a Direcção do Centro de Mar  e o Vereador do Desporto, Vitor Lemos, ostentando, orgulhosamente, o devido Reconhecimento

 

Ao Grupo ETE, pelo Arrojo

Reconhecimento pelo Arrojo de continuar a investir decisivamente em Portugal quando muitos outros se retraem, como foi exemplo a construção e lançamento do rebocador-Empurrador Baía do Seixal, inteiramente concebido, desenhado, desenvolvido e realizado por mentes, ciência e tecnologia Portuguesas, na Navaltagus, sob direcção de Miguel Trovão, excepto no que está além da capacidade nacional, como os respectivos motores.

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O Rebocador-Empurrador Baía do Seixal e Pedro Virtuoso, Director do Grupo ETE, segurando, não sem um secreto sorriso de orgulho, o merecido Reconhecimento,

 

À SECIL / Allmicroalgae, pela Inovação

Reconhecimento pela construção do maior sistema de tubos de fotobioreacção do mundo, com cerca de 300 km, para a produção de microalgas, a par da concepção e desenvolvimento de novos processos de sequestro de carbono passível de atingir 25% das emissões associadas à produção de cimento, bem como a abertura de toda a instalação à investigação e estabelecimento de parcerias com terceiras entidades para desenvolvimento de projectos complementares.

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O Sistema de Fotobioreactores da instalação de Pataias e Sofia Mendonça, Directora de Desenvolvimento de Negócios da Allmicroalgae, exibindo, não sem um sorriso radioso de orgulho, o justo Reconhecimento.

 

À Secretaria Regional do Ambiente da RAM, pela Defesa da Integridade Territorial de Portugal

Reconhecimento por todo o trabalho notável da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais do Governo Autónomo da Madeira de preservação ambiental das Selvagens, continuado estudo e aprofundamento da toda a sua envolvência para enriquecimento da sua candidatura a Património Mundial da Humanidade, a par da instalação de um Posto Permanente da Polícia Marítima para defesa da área envolvente e da integridade territorial de Portugal, a começar pelo território marítimo.

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Com a Selvagem Grande ao fundo, Paula Meneses, da Direcção Regional do Ambiente da Madeira, acolhendo, não sem um muito aberto sorriso tipicamente madeirense, o adequado Reconhecimento.

 

À Tecnoveritas, pela Imaginação

Reconhecimento pela permanente e insaciável busca de novas soluções para alguns dos mais velhos ou mais prementes problemas, o UOPV ainda não é um produto, nem sequer um verdadeiro protótipo mas, concebido como um submersível autónomo híbrido, movido essencialmente a energia cinética, é ideal para missões de patrulhamento em áreas como as das Selvagens, onde poderá permanecer na água por seis meses contínuos. E não raro o futuro está mesmo nas grandes ideias das Pequenas Empresas, pela capacidade de imaginação.

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O modelo à escala do UOPV e a Directora Técnica da Tecnoveritas, Joana Antunes, equilibrando, não sem um muito sério sorriso de orgulho, o compreensível Reconhecimento.

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Finalmente, não se podendo distinguir a singularidade com a vulgaridade, cada um dos Reconhecimentos é uma obra única da escultora-pintora Isabel Mello, a quem não podemos deixar igualmente de agradecer e dar os parabéns pela singularidade da obra e obras realizadas.



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