10 Coisas que não sabia sobre medusas – e não, elas não dão bofetadas!

 

É o tema do momento – o bofetadagate, a nova forma política de cumprimentar os oponentes e opinativos, a frontalidade versus a cortesia, a política versus a emoção! Opiniões à parte, as bofetadas doem, e quem as leva fica com a dor e quem as deu pode (ou não!) ficar com o sentimento de arrependimento amargo na boca (ou na mão…). Mas há tantas outras coisas que doem muito mais… E o toque subtil, muito mais subtil, do tentáculo de uma medusa causará a qualquer leitor uma dor muito mais acutilante, aguda e forte que uma boa palmada!

Todos os anos as vemos nas praias, sabemos que há surtos, por vezes intensos, principalmente nas águas do mediterrâneo, tememos encontros de 3º grau com a nossa Caravela Portuguesa, ouvimos as histórias, mais ou menos dramáticas dos veraneantes balneares que já passaram por tal tormenta, mas quantos de nós sabemos realmente algo mais profundo sobre este organismo marinho que sobrevive sem cérebro há mais de 650 milhões de anos?

Pois então, caro leitor, partilho consigo, não a sabedoria puramente científica e que, em bom rigor também eu não me atrevo a recitar por não a dominar por completo, mas sim 10 curiosidades curiosas sobre as medusas, ou mais popularmente as alforrecas ou mães d’água:

 

  1. As medusas não são peixes!

As medusas são na realidade seres invertebrados, sem ossos, cérebro ou coração! Mas apesar de não terem órgãos complexos realizam todas as funções necessárias a partir de células diferenciadas do seu corpo. Existem entre 1000 e 1500 tipos diferentes de medusas, variando na dimensão, forma e cor, e são das criaturas mais estranhas e interessantes dos nossos oceanos.

 

  1. As medusas são basicamente água e nervos!

As medusas são compostas por 95% de água! Também não possuem sistema respiratório, e a sua pele é tão fina que o oxigénio é trocado por simples difusão. Possuem um sistema nervoso rudimentar na base dos seus tentáculos que lhes permite sentir mudanças no meio ambiente e reagir de acordo com as mesmas.

 

  1. Pragas ou Invasões são 2 formas de descrever grandes grupos de medusas

Mas não os podemos usar alternada e indiscriminadamente. Praga (ou Bloom) refere-se a um fenómeno de reprodução de medusas descontrolado que causa um grande agrupamento de medusas numa mesma região. Invasão (ou Swarm) refere-se a um grande agrupamento de medusas causado por correntes e ventos fortes.

 

  1. As medusas são mais velhas que os dinossauros!

Existem evidências fósseis que comprovam que as medusas estavam vivas no Período Cambríco, há mais de 650 milhões de anos, ainda antes dos dinossauros, o que faz delas o organismo multiorgão mais antigo do planeta Terra.

 

  1. Nem todas as medusas picam.

Existem algumas medusas como a Medusa Dourada, que não necessitam dos seus tentáculos e toxinas para se defenderem e portanto o contacto com estas medusas não causa a tradicional picada e dor associada.

Há um lago em Palau, que está repleto de milhões destas criaturas e que como tal é conhecido por Lago gelatinoso (Jellyfish Lake)!

 

  1. Algumas medusas são comestíveis!

As medusas são consideradas uma iguaria nalgumas cozinhas, como as asiáticas. Por exemplo, na Coreia, é costume servir-se salada de medusa como entrada nalgumas festas, casamentos e jantares de celebrações especiais. No japão, as medusas são utilizadas para fazer as mais diversas confecções, incluindo caramelos! Para lidar com os afluxos crescentes da população de medusas os Japoneses fazem os seus caramelos a partir de açúcar, xarope de glucose e pó de medusa (obtido através da fervura da medusa e subsequente moagem).

 

  1. A medusa mais venenosa e mortal é também a mais pequena!

A picada da medusa Irukandji, uma medusa com cerca de 1 cm3, é 100 vezes mais potente que a de uma cobra e 1000 vezes a de uma tarântula!

Quando picado por uma destas pequenas terríveis criaturas, a vitima sofrerá do Síndrome de Irukandji: Dores severas, náuseas, suores, ritmo cardíaco acelerado e aumento da pressão sanguínea. Se não for imediatamente assistido por um médico treinado, 20 minutos após a picada a vitima poderá entrar em paragem cardíaca.

 

  1. É mesmo verdade – um buraco para tudo!

Pois é, a natureza aqui foi mesmo minimalista! As medusas têm apenas um orifício, por onde consomem os alimento, excretam os resíduos e se reproduzem!

 

  1. A maior espécie de medusa mede quase 37 m de comprimento!

A maior espécie de medusa é conhecida como Medusa Juba de Leão ou Medusa Cabeluda (Cyanea capillata) devidos aos inúmeros e longos tentáculos que possui. Esta medusa aparece muitas vezes descrita como um dos monstros dos oceanos; tem um comprimento equivalente a um Titanossauro! Se medirmos do centro até ao fim dos seus enormes tentáculos poderá medir até cerca de 36,6 cm! Os seus tentáculos são em tons de amarelo e vermelho dando-lhe uma aparência ainda mais assustadora. Costuma nadar nas águas do ártico, Atlântico Norte e Pacífico Norte, alimentando-se de pequenos peixes e outras medusas. Não é certamente o ser com que nos desejemos encontrar para trocar bofetadas…

 

  1. A urina não alivia a dor da picada!

Ao contrário da sabedoria popular e do que nos dizem, urinar sobre a picada de uma medusa não alivia a dor! Deve sim lavar sob água salgada corrente (e não água doce!) para limpar a região infectada de potenciais nematocistos – estes sim, quando esfregados ou pressionados libertam mais toxinas e aumentam a sensação de prurido! A dor passará sozinha após 24h e durante esse período a toma regular de analgésicos de uso comum como o paracetamol, é suficiente para aliviar o desconforto!

 

E assim, termino este meu texto, entre picadas, bofetadas, toxinas, e iguarias estranhas, mantendo o mote noticioso desta semana!



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill