A tartaruga-de-couro que foi encontrada, na passada quinta-feira, na Meia Praia em Lagos, está a ser reabilitada no Zoomarine.

Ao que tudo indica está a ser bem tratada e cuidada, para ser, mais tarde, devolvida ao habitat natural.

No entanto o Zoomarine está a pedir ajuda a pescadores para encontrarem medusas vivas, uma vez que a tartaruga está a recusar alimento congelado, solicitando assim que os mesmos os contactem no caso de as avistarem.

“Os animais selvagens desta espécie comem alimento vivo e no caso da tartaruga-de-couro mais de 90% do seu alimento são medusas vivas”, explica Élio Vicente, Biólogo Marinho e Director do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Zoomarine.

Mas, afirma, “não é grave ela ainda não ter comido porque os répteis podem passar muitas semanas sem se alimentar”, ainda para mais quando “são animais de sangue frio e não têm uma urgência de alimentação como os mamíferos”, ainda que esteja em risco de começar a desidratar.

A ideia agora passa precisamente por “convencer a tartaruga a comer medusas. Assim que as tivermos vamos começar com as vivas e à medida que ela se for habituando a comê-las vamos tentar misturar com algumas que estejam previamente congeladas, mas para isso precisamos de arranjar as medusas, o que ainda não conseguimos”. Élio Vicente disse ao POSTAL que “a situação com a tartaruga poderia ter sido dramática. Ela estava presa, a afogar-se e felizmente não faleceu”, ainda que “a situação seja potencialmente perigosa”.

A tartaruga-de-couro ficou presa em cabos, o que lhe provocou alguns ferimentos na zona do pescoço, barbatanas, entre outros locais, “ferimentos que podem levar ao desenvolvimento de infecções graves e até mesmo à septicemia que pode matar”, acrescenta o biólogo. “Temos um último grande desafio que é o maneio para, por exemplo, tirar sangue, fazer ecografias e endoscopias porque este é um animal que tem 300 quilos e é muito difícil manipulá-lo”. Para depois o devolver ao seu habitat natural, caso esteja em condições. Caso contrário o governo não autoriza.



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill