Ontem, no primeiro dia do Oceans Busisness Week, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) promoveu um workshop sobre «Aquacultura e Valorização dos Produtos Marinhos”, durante o qual deu a conhecer as acções que desenvolve no quadro desta temática. Em foco estiveram iniciativas desenvolvidas pela Divisão de Aquacultura e Valorização (DivAV) e pela Divisão de Geologia e Geo-recursos Marinhos (DivGM).
A cargo do representante da DivGM esteve a apresentação do tema relacionado com os processos naturais de migração e escape de metano na margem portuguesa: vulcanismo de lama, hidratos de gás e carbonatos autigénicos (formados no processo de sedimentação de rochas).
Já a DivAV assumiu a maioria dos temas em debate no âmbito da temática da valorização dos recursos do mar, como a qualidade e valor nutricional dos produtos marinhos, a rastreabilidade daqueles produtos, os critérios micro-biológicos aplicáveis a novos produtos, a valorização e inovação de espécies desvalorizadas e sub-produtos, a bioprospecção e novos compostos e cenários de desenvolvimento da aquacultura.
Uma das preocupações da DivAV foi indicar os atributos da qualidade dos produtos marinhos, como a frescura, que depende, no que respeita à produção, da idade dos indivíduos das espécies, da época do ano em que são produzidos, das condições de captura ou cultura, da dimensão, da alimentação das espécies, entre outros.
A qualidade dos produtos marinhos é uma questão a que o IPMA tem dedicado atenção, não só por uma questão de segurança alimentar e saúde pública, mas também porque o escrutínio social é cada vez mais exigente, com consumidores melhor informados que há vários anos, e impõe-se fazer face a práticas comerciais fraudulentas. Uma exigência do público que está relacionada com a procura crescente de refeições rápidas, muitas vezes à base de produtos processados.
Daí nasce a necessidade de uma boa rastreabilidade, ou seja, neste contexto, a capacidade de localizar um alimento, substância, animal ou ração ao longo de um processo que vai desde a produção ao processamento e à distribuição. Por essa via, se o alvo da pesquisa ainda não tiver chegado ao consumidor, é possível prevenir o público através de alertas.
No processo de análise dos produtos, são necessários critérios microbiológicos, com base na detecção de micro-organismos ou quantificação de toxinas produzidas por estes micro-organismos.
A qualidade dos produtos marinhos também pode ser valorizada, o que constitui um desafio, que pode ser correspondido pela inovação ou rentabilização, designadamente, por via da apresentação de novos produtos reestruturados ou formados com fumo líquido, por exemplo. O próprio IPMA já realizou acções de marketing promovendo novos produtos marinhos valorizados pela inovação.
No sector da aquacultura, foi recordado que em Portugal existe a ambição de aumentar a produção nacional de 10 mil toneladas/ao para 35 mil toneladas/ano até 2023, para o que o IPMA tem estudado soluções.
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In Ciber Dúvidas:
Existem os dois termos, aquicultura e aquacultura, sendo este último um neologismo.
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/aquicultura-e-aquacultura/8101
Em síntese, o segundo termo (aquacultura) também é correcto. Trata-se de um neologismo. Há dicionários que apresentam os dois termos como sinónimos. No entanto, poderá dizer-se que o termo aquicultura é mais abrangente e de cariz mais técnico e científico.