Na cerimónia de celebração do aniversário da instituição não esqueceu o cenário de contenção financeira nem as ambições para este ano (candidaturas para eficiência energética e simulador marítimo)
ENIDH

A Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH) celebrou ontem 94 anos, coincidindo com o Dia Mundial do Mar, numa cerimónia que contou com diversas intervenções, entrega de prémios aos melhores alunos do ano lectivo 2017/2018 (incluindo os panamianos ali inscritos) e uma actuação da tuna académica da instituição.

Na sua intervenção, o presidente da ENIDH, Luís Baptista, recordou que segundo a Direcção-Geral do Ensino Superior, a instituição é uma das que tem menor taxa de desemprego entre os seus diplomados no universo das 32 instituições de ensino superior público. Para o que contribuirá a colaboração entre a ENIDH e empresas de armadores, que propicia estágios aos alunos e sem os quais não se atinge o estatuto de Comandante da marinha mercante.

Luís Baptista lembrou também que no corrente ano lectivo ingressaram na ENIDH 300 novos alunos e que no ano anterior a instituição contou com 100 alunos estrangeiros, principalmente de países de língua portuguesa e do Panamá, correspondentes a 13% dos alunos da escola.

Não esqueceu o corpo docente, lembrando que a ENIDH tem 30 docentes com vínculo estável à instituição, mas admitiu que face às exigências da Agência de Avaliação e Creditação do Ensino Superior, a escola “precisa de implementar a curto prazo um plano de desenvolvimento de actividades de investigação aplicada em áreas científicas fundamentais da escola”.

No contexto da gestão escolar, admitiu que no ano anterior, perante o aumento dos encargos da instituição, para enfrentar os custos sem a devida compensação de veras do Orçamento de Estado, foi necessário adoptar medidas excepcionais de contenção de despesas. Reconheceu que foi solicitado à tutela um reforço de verbas para realização de obras, mas que ainda aguarda uma resposta a esse pedido.

Na ocasião, anunciou que até ao final deste ano, a ENIDH tenciona apresentar uma candidatura a fundos comunitários para aumentar a eficiência energética dos seus edifícios e que aguarda assinar o acordo para aquisição de simuladores marítimos no âmbito do programa EEA Grants. Neste últimos caso, trata-se de um projecto de 2 milhões de euros que o presidente da ENIDH espera ver em execução até ao final de 2018, para estar concluído em meados de 2021.

Igualmente presente, Rui Raposo, presidente do Conselho Geral da ENIDH, manifestou que aguarda com expectativa o Plano Estratégico de Médio Prazo e o Plano de Acção para 2018-2021 que o presidente da instituição, recentemente eleito para um novo mandato, tem para apresentar. E admitiu que face a um cenário global marcado pela inovação tecnológica e pelos protecionismos, será difícil delinear estratégias de médio e longo prazo.

Relativamente às “máquinas”, como se referiu às inovações tecnológicas em curso, não manifestou receio de que substituam definitivamente as pessoas. Afinal, o mundo já passou por fenómenos semelhantes e as pessoas continuam a trabalhar. E considerou que “cada vez mais o que define o negócio do shipping são as pessoas”. Quanto aos proteccionismos, quer do America First de Donald Trump, quer do Brexit, quer ainda de outras origens, referiu que são reacções contra a globalização e o livre comércio.

Outro orador foi o presidente do Conselho Superior dos Institutos Politécnicos, Pedro Dominguinhos, que fez o elogio da ENIDH, enquanto escola de referência, e desenvolveu o tema da importância do ensino politécnico, considerando “arcaica” a “guerra” que por vezes parece existir entre ensino politécnico e ensino superior.



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