Um estudo internacional, liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) revelou a descoberta de “três micróbios com elevada capacidade de minerar tungsténio”, também conhecido por volfrâmio, que é um metal importante para a indústria e cada vez mais escasso e dispendioso, refere em comunicado a Universidade de Coimbra.
Seleccionados “a partir de amostras recolhidas no fundo do mar, a 600 quilómetros a sul dos Açores, em zonas de vulcões submarinos onde a quantidade de tungsténio é 100 vezes maior em comparação com outros ambientes”, refere o comunicado, estes micróbios, “da espécie Sulfitobacter dubius, revelaram uma notável capacidade de tolerar e acumular tungsténio”.
Explica a Universidade de Coimbra que “depois de estudados os mecanismos genéticos dos micróbios descobertos, os investigadores manipularam algumas das suas propriedades, através de processos biotecnológicos, por forma a aumentar a capacidade de acumulação de tungsténio”.
“A fase seguinte”, prossegue o comunicado da academia, “passa por produzir sistemas destes microrganismos, isto é, cultivar os micróbios em laboratório e desenvolver as bioferramentas que serão posteriormente testadas em ambientes diversificados, nomeadamente em minas”.
Segundo Paula Morais, coordenadora dos projectos PTW e BioCriticalMetals, esta descoberta, publicada na revista Systematic and Applied Microbiology, representa “um passo importante para a exploração de novas estratégias biológicas para recuperar tungsténio de ambientes naturais ou antropogénicos (causados pela ação do homem)”, acrescentando que “a partir daqui, é possível desenvolver biossensores e biofiltros alternativos aos métodos actuais que, embora cumpram os limites legais, não são completamente eficazes para obter e/ou recuperar metais críticos”.
O estudo enquadra-se nos projectos PTW e BioCriticalMetals, financiados pelo Portugal 2020, Compete 2020, Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Iniciado há um ano, o projecto BioCriticalMetals reúne 28 investigadores e empresas ligadas ao sector mineiro da Argentina, Portugal e Roménia, com o objectivo de “fornecer bioferramentas inovadoras, amigas do ambiente e vantajosas do ponto de vista económico, para serem utilizadas na indústria mineira, transformando os resíduos (tóxicos) em matéria-prima, numa perspectiva de economia circular”, refere Paula Morais.
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