Um consórcio internacional coordenado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto, e com participação de investigadores do Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA), “produziu um primeiro esboço do genoma da sardinha que permitiu elucidar sobre a capacidade endógena da biossíntese de ácidos gordos polinsaturados, os famosos ómega-3, nesta espécie”, refere um comunicado do CIIMAR.
Esta pesquisa, que no plano local teve financiamento da União Europeia (UE), canalizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, ao aprofundar este conhecimento sobre a produção de ómega-3 na espécie, “tem um impacto muito significativo no conhecimento da biologia da sardinha” e “possibilita avanços acerca da sua nutrição e, portanto, da sua manutenção em cativeiro”, refere o CIIMAR.
O estudo foi publicado há dias na revista científica «Genes», sob a forma de artigo, intitulado Out of the Can: A Draft Genome Assembly, Liver Transcriptome, and Nutrigenomics of the European Sardine, Sardina pilchardus. O trabalho agora publicado, “estudou pela primeira vez a capacidade endógena da sardinha em biossintetizar ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa”, diz o CIIMAR.
O CIIMAR diz ainda que “através do estudo do genoma e análises funcionais dos genes que participam na biossíntese de por exemplo o DHA, este consórcio conseguiu determinar a capacidade endógena de produção de ácidos polinsaturados de cadeia longa em sardinha”, acrescentando que os resultados “apontam para que, tal como muitos outros peixes de origem marinha, a sardinha sendo eficiente na produção endógena de ácidos gordos como o DHA, seja incapaz de sintetizar outros ómega 3 de cadeia longa, como por exemplo o EPA”. Um conhecimento que “é de particular importância para manejar a espécie em cativeiro, nomeadamente na formulação de rações nutricionalmente equilibradas”.
“Lançando mão de tecnologias de nova geração para a sequenciação de genomas e análises funcionais”, diz o CIIMAR, este estudo “é um exemplo claro do poder que abordagens genómicas de baixo custo têm na monotorização de recursos biológicos”, nas palavras da investigadora Rute Fonseca, da Universidade de Copenhaga, da Dinamarca, envolvida na investigação.
A investigadora acrescenta que “este recurso tecnológico, um primeiro olhar global sobre o genoma da sardinha, permitiu-nos já iniciar um trabalho em que estamos a avaliar a diversidade genética dos stocks selvagens no Atlântico e Mediterrâneo”, que “permitirá não só avaliar o impacto local das práticas de pesca, mas também perceber como potenciar os mecanismos naturais de recuperação das populações”.
Outro investigador envolvido, Filipe Castro, do CIIMAR, sublinha que “podemos agora estudar e formular com alguma exactidão uma ração dirigida às necessidades desta espécie; embora a produção em aquacultura seja ainda uma miragem, existem alguns casos de manutenção bem-sucedida de sardinha em cativeiro”.
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