A descoberta foi feita pelo Departamento de Química e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro. Um dos antibióticos mais utilizados na aquacultura (oxitetraciclina – OTC) para combater inúmeras infecções nos peixes pode ser destruído por algo tão simples como a luz solar.
Em comunicado a Universidade de Aveiro refere que o OTC é dos poucos antibióticos autorizados no país para uso em aquacultura, dado que os produtores têm optado por medidas preventivas – como a vacinação. A investigação do Departamento de Química e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro é particularmente importante dado que ainda existem muitos países onde a utilização de antibióticos não é controlada, o que, de acordo com os investigadores, “incrementa a potencialidade de aplicação da metodologia” proposta pela UA.
O principal prejuízo da utilização de antibióticos “tem a ver com o aumento da resistência bacteriana que a sua eventual libertação no ambiente” pode promover. Normalmente os aquicultores recorrem à remoção do antibiótico na água doce através da ozonização das águas como forma de evitar ou atenuar essa consequência. No entanto, e segundo os investigadores, “em sistemas de aquacultura marinha a aplicação desta metodologia é limitada pela formação de subprodutos perigosos resultantes da interacção do ozono com os iões da água salgada”. Para evitar tal situação, “as concentrações de ozono têm de ser mais baixas, o que diminui a eficiência deste processo na remoção da OTC de águas de aquacultura marinha”.
A descoberta do grupo de investigação da UA traz uma nova alternativa. Uma que é simples, eficiente, de baixo custo e com menor impacto para o ambiente.
O processo consiste na utilização da luz solar para foto-degradar o antibiótico em água. Para a concretização destas experiências, o OTC foi adicionado, em laboratório, às águas de aquacultura previamente recolhidas e as soluções foram expostas à radiação solar por diferentes períodos de tempo. Através de um sistema ou tanque que possa ser incluído no circuito de efluentes de tanques de aquacultura, que deve ter uma profundidade reduzida (até meio metro) para permitir a penetração da luz solar, os investigadores de Aveiro estimam uma redução de 90 por cento da concentração de OTC na água depois de 70 a 180 minutos de exposição à luz solar.
Há ainda uma outra possível utilização: o tanque inicialmente projectado para a foto-degradação da OTC pode também se usado como um tanque de decantação de partículas. O que significa que o método pode ser aplicado a mais indústrias. Um exemplo? Em “estações de tratamento de águas residuais, que são um dos principais focos de acumulação de antibióticos e outros compostos”.
O trabalho foi realizado pela doutoranda Joana Leal, sob a orientação científica de Valdemar Esteves e Eduarda Santos, e publicado no último número da Environmental Pollution, publicação da editora Elsevier e referência mundial na área da química aplicada.
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