Foi recentemente inaugurada na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTTM) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), em Peniche, a Aquatropolis Academy, um centro de capacitação de futuros profissionais do sector aquícola em competências técnicas e científicas da economia digital.

O novo centro resulta de uma parceria entre o consórcio Aquatropolis, (congrega a COMPTA, o Instituto Politécnico de Tomar, a Alga +, a Domatica, o MARE do IPL, a ESTTM do IPL, o Tagus Valley e o programa COMPETE 2020), e a ESTTM do IPL, e “é mais um passo do projecto Aquatropolis”, no qual se insere, referiu-nos Jorge Delgado, CEO da COMPTA.

Localizada na ESTTM do IPL, a Aquatropolis Academy irá proporcionar inicialmente formações por períodos de 14 semanas a grupos de 12 alunos cada (por agora, somente provenientes da área de Biologia Marinha da escola de Peniche), enquadrados nos desafios concretos do projecto Aquatropolis. Composta por uma equipa de mentores, quatro dos quais (Hugo Metelo, Sérgio Leandro, Ana Ribeiro e Teresa Baptista) foram apresentados na inauguração, é uma estrutura formal que utiliza as infra-estruturas da ESTTM.

Jorge Delgado espera que posteriormente “essas pessoas sejam inseridas no mercado de trabalho”, podendo mesmo vir a integrar o Aquatropolis e contribuir para a internacionalização do projecto, que é uma ambição assumida do CEO da COMPTA.

Conforme também explicou Sérgio Leandro, sub-director da ESTTM e um dos mentores do projecto, este centro destina-se “aos futuros profissionais da aquacultura, com especial foco nos estudantes do ensino superior em vias de integração na vida activa, junto dos quais, uma equipa multidisciplinar conduzirá um programa de mentoring, desenvolvido para sensibilizar e preparar o público-alvo para os desafios tecnológicos que emergem da necessidade de modernizar o sector aquícola no contexto da Indústria 4.0”.

Explicou também que, “adicionalmente, a Aquatropolis Academy permitirá que os alunos da ESTTM desenvolvam trabalhos de projecto cujos resultados possam ser valorizados através da incorporação dos mesmos no âmbito do projecto Aquatropolis”.

Questionado sobre o financiamento da Aquatropolis Academy, Jorge Delgado esclareceu-nos que se insere no investimento realizado no projecto Aquatropolis (1,6 milhões de euros, dos quais 50% proveniente do COMPETE 2020 e 50% proveniente dos restantes parceiros envolvidos no consórcio). O novo centro recorre igualmente a instalações da ESTTM e ao capital humano envolvido no projecto.

Hugo Metelo, da COMPTA e outro dos mentores deste projecto, recorda que a Aquatropolis Academy é uma forma de o consórcio cumprir a sua obrigação de disseminação científica e de conhecimento pela comunidade, a que estava vinculado no âmbito da sua candidatura a apoios financeiros. “Houve uma decisão estratégica dos parceiros de canalizar parte da verba destinada a disseminação científica para um processo de conhecimento ongoing e formação destes profissionais”, esclarece.

Faz ainda parte dos propósitos do consórcio estender a formação de activos a elementos exteriores à esfera do IPL ainda antes de considerar fechado o projecto Aquatropolis, “levando à sociedade esta combinação de conhecimento sobre o sector produtivo da aquacultura”, refere Hugo Metelo. Jorge Delgado acrescenta que “até ao final de 2017, pretendemos apresentar um protótipo do Aquatropolis e em 2018 realizar testes, no prazo de três a seis meses, possivelmente em Portugal, e depois colocá-lo no mercado”.

Na ocasião, Sérgio Leandro sublinhou que a Aquatropolis Academy visa responder a alguns dos constrangimentos identificados no sector aquícola nacional, como a fraca capacidade de investimento em modernização tecnológica, a prevalência do conhecimento empírico sobre o científico, a falta de controlo dos diferentes estádios da cadeia de valor e a falta de confiança do consumidor associada a uma concorrência desleal.

Alinhada com a estratégia europeia de crescimento azul (Blue Growth), “que defende um crescimento económico apoiado na exploração inteligente e sustentável dos recursos marinhos e com a estratégia portuguesa para a Indústria 4.0”, conforme notou Sérgio Leandro, a Aquatropolis Academy comporta desafios, como o incremento tecnológico de apoio à produção, o próprio enquadramento na Indústria 4.0 e a geração de profissionais com competências e aptidões. Neste sentido, o centro também está vocacionado para a literacia dos oceanos e para a literacia digital.

No âmbito do Aquatropolis, um dos objectivos do IPL pode mesmo passar por criar uma unidade de serviços partilhados para a aquacultura, que prestaria apoio por via remota a aquicultores da Península Ibérica a partir de Peniche, com o envolvimento da COMPTA. Essa unidade utilizaria parte de tecnologia que está a ser desenvolvida no âmbito do Aquatropolis para monitorizar produções aquícolas ibéricas.

Recorde-se que o projecto Aquatropolis tem seis meses de existência e visa “colocar os princípios da quarta vaga da revolução industrial ao serviço da modernização e da competitividade do sector aquícola português, desenvolvendo uma framework tecnológica que optimize processos críticos da produção”, conforme explicavam os responsáveis antes da inauguração.