ENIDH acolheu cerimónia de divulgação do navio-museu
Fundação Gil Eannes

A Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH), em colaboração com o Clube de Oficiais da Marinha Mercante (COMM) e a Fundação Gil Eannes, promoveram, dia 11 de Maio, uma sessão de divulgação do navio-museu Gil Eannes, no âmbito das comemorações do 18º aniversário da chegada do navio a Viana do Castelo para se converter no museu que é hoje.

Entre os oradores esteve o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo (CMVC) e da Fundação Gil Eannes, José Maria da Cunha Costa, que admitiu estar para breve a reabilitação dos espaços ainda por recuperar, e que correspondem a 40 por cento do navio-museu. Conforme foi referido, actualmente apenas 60 por cento está visitável.

Foi também recordado que o Gil Eannes recebe cerca de 50 mil visitantes por ano, maioritariamente portugueses, seguidos de espanhóis e franceses. A principal preocupação, no entanto, tem sido a sua divulgação junto do público jovem, designadamente das escolas, com o objectivo de mostrar às novas gerações o papel do antigo navio hospital e as condições de actuação da frota portuguesa de pesca do bacalhau no século passado.

Nesse contexto, o presidente da CMVC anunciou a encenação de uma peça teatral, com actores de várias gerações do Centro Dramático da Fundação, no dia 18 de Maio. Chama-se “O Anjo Branco” e vai reproduzir histórias nos diversos espaços do navio.

A construção do Gil Eannes foi contratada em 1952, por 50 mil contos, aos Estaleiros de Viana do Castelo e o navio seria entregue três anos depois ao Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau. Financiado ao abrigo do Plano Marshall, o que implicou a aquisição de equipamentos eléctricos e de frio, bem como de máquinas e aço, aos Estados Unidos, o navio destinava-se a dar apoio à frota portuguesa de pesca do bacalhau que operava, principalmente, na Terra Nova.

Na época, foi considerado um dos navios tecnologicamente mais avançados do seu tempo. Equipado com 4 enfermarias (60 camas), mais uma para oficiais (4 camas), uma para patologias infecto-contagiosas, outra para isolamento e ainda outra para recobro, totalizava 75 camas hospitalares. Em caso de emergência podia receber 350 doentes. Tinha ainda laboratório de análises, sala de operações, consultório, cozinha, sala de radiografias, sala de fisioterapia, elevador de macas e uma capela.

Com 68 tripulantes, além de navio hospital, com todas as valências hospitalares, desempenhou funções de quebra-gelos, abastecedor, rebocador, navio-correio e de assistência espiritual. Fez a primeira viagem em 1955 e operou como navio-hospital até 1973. Depois disso, ainda transportou refugiados portugueses de Angola para Portugal, antes de ser fundeado em Lisboa, onde seria vandalizado, até ser vendido para sucata à empresa Baptista & Irmão. A notícia de que ia ser fundido gerou um movimento de resgate do navio, que acabaria por ser feito pela Fundação Gil Eannes, que o adquiriu em 1998, pelo mesmo valor pelo qual tinha sido contratado em 1952 – 50 mil contos – e o converteu em navio-museu.

 



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