As imposições ambientais de redução do CO2 e o congestionamento das principais rodovias europeias, abrem uma oportunidade única ao transporte de curta distância.

Para o Centro de Promoção do Transporte de Curta Distância Flamengo, o congestionamento crescente das principais rodovias europeias, bem como as também crescentes preocupações ambientais de necessidade de redução drástica das emissões de CO2, colocam novos problemas logísticos de distribuição de produtos que, em parte, poderão ser, senão resolvidos pelo menos mitigados, pelo transporte marítimo de curta.

O desafio consiste em ser capaz de analisar as cadeias logísticas com um novo olhar e, procurando novas sinergias e uma maior eficiência global, saber recolocar os vários modos de transporte no ponto certo nessas mesmas cadeias logísticas. E é exactamente nesta nova visão logística que o transporte de curta distância assume também uma renovada importância.

O termo «transporte de curta distância», foi cunhado pela Comissão Europeia ainda nos passados anos de 90, desenvolvendo mais recentemente alguns programas «verdes», dedicados ao desenvolvimento de infra-estruturas e serviços de suporte, incluindo a determinação dos respectivos fundos a atribuir aos mesmos para a sua concretização, de forma a tornar a breve prazo o incremento dessa modalidade de transporte uma realidade.

Nesse enquadramento, o Centro de Promoção do Transporte de Curta Distância Flamengo, centra-se, naturalmente, sobre o tráfego de e para os portos flamengos e respectivos canais fluviais, cobrindo toda a Europa, África do Norte e o Mar Negro, num envolvimento total de cerca de 40 países onde existem já carreiras regulares.

As vantagens do transporte de curta distância são, para o centro, óbvias: as linhas regulares de transporte de curta distância oferecem serviços de transporte rápidos, fiáveis e mais amigos do ambiente do ambiente, onde o carregamento e descarregamento pode ser realizado directamente por outros meios de transporte, sejam rodoviários, ferroviários, fluviais ou mesmo por pipeline, sem limitações quaisquer dos respectivos tipos de carga, como contentores, ro-ro ou graneis sólidos ou líquidos.

Para além disso, não havendo linhas regulares, é igualmente possível fretar um navio a qualquer momento de acordo com as necessidades.

No caso belga, desde 1999, o transporte de curta distância tem conhecido um crescimento constante, passando de um volume de 88,5 milhões de toneladas nessa data para os 142,9 milhões verificados em 2014, correspondendo assim, a um crescimento global na casa dos 61%, mostrando também, após a crise de 2008-2008, uma rápida recuperação e toda a sua flexibilidade e resiliência.

Em termos de trocas comerciais Portugal-Bélgica, há ainda um volume considerável de mercadorias a seguirem por rodovia mas, em 2013, foram já exportados de Portugal para Bélgica cerca de 386, 6 mil toneladas de carga por transporte marítimo de curta distância, 350 mil toneladas das quais de graneis líquidos com destino a Antuérpia, valores que aumentaram em cerca de 28% em 2014, atingindo um total de 495,6 mil toneladas exportadas, 400 mil das quais, uma vez mais, com destino a Antuérpia.

Inversamente, as importações da Bélgica por Portugal, via transporte de curta distância, atingiram um volume global de 762,9 mil toneladas em 2013, 687 mil das quais expedidas de Antuérpia por contentor, com um crescimento de mais de 25% em 2014, atingindo um global de 954,6 mil toneladas, ainda uma vez mais com Antuérpia a assumir a maior fatia, com cerca de 835 mil toneladas, predominantemente, uma vez mais também, em carga contentorizada.

A carga contentorizada afirma-se, de resto, como o motor do transporte marítimo de curta distância entre Portugal e a Bélgica. Em 2013, Portugal exportou para a Bélgica um volume de 866 TEU, valor que subiria no entanto logo em 2014 para 3 189 TEU. Inversamente. Da Bélgica, Portugal importou, em 2013, cerca de 42 083 TEU, não deixando de se verificar para 2014 igualmente um crescimento para a casa dos 52 455 TEU, sendo todo este tráfego de contentores realizado a 100% com Antuérpia.

Ainda no caso do movimento de curta distância Portugal-Bélgica, em relação a Zeebrugge e Gante, os valores são francamente mais limitados. Em 2014, de Zeebrugge para Portugal seguiram 57 036 toneladas de graneis líquidos e de Gante 62 608 toneladas de graneis sólidos e líquidos, recebendo Portugal, no mesmo período, igualmente 99 446 toneladas de graneis, sólidos e líquidos, a partir de Gante.

Para o Centro de Promoção do Transporte de Curta Distância Flamengo, o único óbice para se iniciarem, por vezes, serviços directos de curta distância respeita, respeita ao desequilíbrio entre os volumes de exportação e importação, podendo assim tornar os mesmos menos atractivos, menos eficientes e, eventualmente, mais onerosos.



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