Jean-Jacques Savin, um antigo militar francês de 71 anos, lançou-se numa aventura pelos oceanos a bordo de uma cápsula, no dia 26 de Dezembro, e pretende chegar, em três meses, às Caraíbas.
Jean-Jacques Savin

Jean-Jacques Savin, um antigo militar francês de 71 anos, partiu de El Hierro, nas Ilhas Canárias, dia 26 de Dezembro, a bordo de um barril e tem como objetivo completar uma viagem marítima de 4.500 quilómetros (2.800 milhas) até as Caraíbas, em cerca de três meses, segundo vários meios de comunicação.

O objectivo? Segundo revelou o próprio à BBC, é chegar às Caraíbas num prazo mínimo de três meses, à boleia das correntes, provando continuar a ser um aventureiro. Na viagem, deixará também sinalizadores pelo caminho, que ajudarão oceanógrafos do Observatório Marinho Internacional a estudar as correntes.

A cápsula, construída pelo próprio com 60 mil euros financiados, quase na totalidade, através de crowdfunding, tem no seu interior um beliche, uma cozinha e espaço de arrumação. Com três metros de comprimento e dois de largura, tem seis metros quadrados de espaço interior, e conta com uma janela de vidro no chão que lhe permite contemplar a vida marinha no decorrer da viagem.

De acordo com meios de comunicação internacionais, a cápsula foi construída para resistir a ondas e a possíveis ataques de animais marinhos de maior dimensão. Os aparelhos de comunicação e de posicionamento GPS são alimentados por painéis solares acoplados à estrutura, para que possa inclusivamente atucalizar o “seu estado” no Facebook. O seu equipamento de segurança a bordo inclui um farol de socorro pessoal, um barco salva-vidas, uma âncora flutuante, um extintor de incêndio, um colete salva-vidas e uma bomba de esgoto.

O navegador francês prevê conseguir chegar a Barbados. Contudo, não escondeu que gostaria de atracar numa ilha francesa, como Martinica ou Guadalupe. Numa entrevista telefónica concedida à AFP, o tripulante mostrou-se optimista em relação às condições climatéricas. “Estou a mover-me a dois-três quilómetros por hora. Tenho previsões de ventos favoráveis até Domingo”, contou.

Savin, um ex-para-quedista, que alega ter já cruzado o Atlântico quatro vezes num veleiro, descreve esta sua viagem como uma “travessia durante a qual o homem não é capitão de seu navio, mas um passageiro do oceano”. “Toda a minha vida foi feita de aventuras, fui vigilante num parque natural na África Central, depois fiz acrobacias, dei volta ao mundo num veleiro. Pelo que tenho que fazer algo forte para os meus 72 anos!”, revela.

A ideia, confessa, surgiu num livro de Alain Bombard, intitulado Naufragé Volontaire, publicado em 1953. “Ele queria fazer algo assim, mas nunca conseguiu materializar seu projecto”, explica Savin. Bombard era biólogo, médico e político francês famoso por navegar o Oceano Atlântico num pequeno barco. A sua teoria era a de que um ser humano poderia sobreviver à viagem sem mantimentos e decidiu testar a sua teoria para ajudar a salvar pessoas perdidas no mar. Ao que tudo indica, sobreviveu através da pesca. Apenas sem água, veio mais tarde Hannes Lindemann, um médico alemão, canoísta e pioneiro da navegação, confirmar que não é possível.

 



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