No dia 29 de Abril foi apresentado no Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), localizado no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), o protótipo do MarinEye, um sistema autónomo desenvolvido desde 2015 por investigadores portugueses para monitorização integrada dos componentes dos oceanos e verificação das alterações na biodiversidade, de impactos no clima e de anomalias no ambiente, que permitirá uma gestão sustentável dos recursos marinhos e uma redução dos riscos ambientais.
O projecto é coordenado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e foi desenvolvido em colaboração com grupos de investigação portugueses, “nomeadamente o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – Politécnico de Leiria (MARE – IP Leiria)”, esclareceram os promotores em comunicado. Ao nosso jornal, uma investigadora do projecto confirmou que o financiamento de 400 mil euros, atribuído pelo programa EEA Grants corresponde ao valor total do projecto.
Os promotores também informaram que cada um dos parceiros nacionais teve o seu papel no projecto. “O CIIMAR é o promotor do projecto e, juntamente com o IPMA e o MARE-Politécnico de Leiria, formaram uma equipa de biólogos e químicos de diversas especialidades responsáveis pela validação das variáveis obtidas com os diferentes módulos do MarinEye”, explicaram. “O INESC TEC incluiu uma equipa de investigadores na área da robótica, uma equipa especialista no desenvolvimento de sensores em fibra ótica e uma equipa de investigadores especialistas em análise de dados, responsáveis pelo desenvolvimento das componentes de robótica, sensores óticos e software de visualização e integração de dados, respectivamente”, acrescentaram.
O protótipo agora apresentado é composto por quatro módulos: um “sistema de multisensores, que vai integrar diferentes sensores físico-químicos” e que servirão para medir “parâmetros como a temperatura, salinidade, oxigénio dissolvido, pH, entre outros, e uma plataforma de sensores ópticos que vai ser validada para medição de dióxido de carbono dissolvido”; um “sistema de imagem de alta resolução, que recolhe imagens de fito e zooplâncton, para avaliar a sua abundância e biodiversidade”; um “sistema de acústica, com capacidade de fazer recolha de dados hidroacústicos” destinado à recolha de “informação relativa à presença de mamíferos marinhos e estimativas de abundância de peixes”; e um “sistema de filtração autónomo, desenvolvido para filtrar e preservar o DNA / RNA de diferentes classes de tamanho das comunidades de micro-organismos que habitam e representam a maior biomassa dos oceanos”. “Todos os módulos foram conjugados num sistema integrado autónomo que culminou no protótipo MarinEye”, explicaram os promotores.
“O sistema inclui ainda uma plataforma de integração dos diferentes tipos de dados que vão ser gerados”, à qual está associado um “software que permite visualizar e sumariar os dados, além de desenvolver uma série de modelos cujo objectivo é integrar e identificar inter-relações entre os diferentes parâmetros químicos, físicos e biológicos obtidos através dos diversos módulos do MarinEye”, acrescentaram. No futuro, o objectivo é “operacionalizar esta tecnologia em contexto real e ainda integrar neste protótipo novas tecnologias, como por exemplo bio-sensores, no sentido de recolher o máximo de informação dos diferentes níveis do compartimento biológico in situ”, referem os investigadores.
Catarina Magalhães investigadora do CIIMAR e coordenadora do projecto, e Eduardo Silva, coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC, estão convictos de “que o conceito de monitorização integrada e sincronizada no tempo e espaço de parâmetros físicos, químicos e biológicos implementado no MarinEye, é essencial para o conhecimento da complexidade dos ecossistemas marinhos e será certamente, num futuro próximo implementado em diferentes observatórios oceânicos”.
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