Fundação Oceano Azul garante Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial a empresário

A criação da Fundação Oceano Azul (FOA), por parte da Sociedade Francisco Manuel dos Santos (SFMS), assegurou a Alexandre Soares dos Santos a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial. Na passada 6ª feira, o Presidente da República, numa intervenção durante a apresentação pública da FOA, fez o anúncio da homenagem que pretende prestar ao empresário.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “o nosso país não conta com investimentos de vulto com suficiente massa crítica no sector da conservação da natureza”, o que torna este investimento da SFMS particularmente valioso, e por duas razões: é dedicado aos oceanos, “que foram, são e serão sempre um traço distintivo de Portugal”, e pode influenciar outras entidades dedicadas à exploração de recursos naturais a comprometerem-se na conservação da natureza.

Recorde-se que, conforme referia há dias Tiago Pitta e Cunha, presidente da Comissão Executiva da FOA, “já foram investidos quase 60 milhões de euros, juntando a concessão do Oceanário”, cerca de 36 milhões de euros, “e a dotação da Fundação”, que é de 30 milhões de euros. O mesmo responsável recordou também que “o orçamento anual em velocidade de cruzeiro andará à volta de 5,5 milhões de euros”.

O Presidente da República elogiou ainda a FOA pela natureza perene do projecto, que apela a um trabalho de médio e longo prazo, pela promoção da literacia dos oceanos, que visa criar uma geração azul, e por aspirar a aproximar o conhecimento científico do público em geral. Para Marcelo Rebelo de Sousa, essa aproximação é especialmente importante no caso dos oceanos, pois entende que a generalidade dos portugueses não compreende “verdadeiramente o valor da dimensão marítima que temos”.

Na mesma sessão de apresentação pública, José Soares dos Santos, chairman do Conselho de Administração da FOA, aproveitou para salientar que a SFMS, cujo Conselho de Administração também integra, cumpriu o que prometeu, ou seja, criou esta Fundação. Considerou ainda que a importância da dimensão marítima portuguesa, resultante da sua área, geografia e história, “começa a ser percebida como um activo crítico para a pertinência do papel e do sucesso que o país pode alcançar”.

Esperando que a FOA contribua para “corrigir a ausência de percepção que pende sobre o oceano”, recordou os eixos do trabalho da Fundação: a literacia dos oceanos, com a qual espera envolver especialmente todos os alunos inscritos no 1º ciclo de escolaridade e para a qual afirmou esperar o apoio do Estado; a conservação dos oceanos, com uma atenção especial à pesca artesanal e ao desenvolvimento de áreas marinhas protegidas; e a governação dos oceanos, assente no conhecimento científico e numa ética de respeito pelos ecossistemas.

A sessão contou ainda com um debate moderado por Tiago Pitta e Cunha, no qual participaram como oradores a Princesa Laurentien van Oranje-Nassau, Jane Lubchenco e Nuno Vieira Matias, membros do Conselho de Curadores da FOA, e ainda Julie Packard e Viriato Soromenho Marques, como Consultores Especiais do Conselho de Curadores.

Na ocasião, a Princesa Laurentien van Orange-Nassau, autora de livros infantis sobre temáticas ambientais, admitiu que foram a raiva e a curiosidade que a levaram a escrever esses livros. Por seu lado, o Almirante Vieira Matias, Chefe de Estado – Maior da Armada entre 1997 e 2002, considerou que a sustentabilidade dos oceanos, uma verdadeira causa nacional para os países costeiros, é um desafio fundamental para os políticos. Jane Lubchenco, cientista marinha com experiência política em funções relacionadas com os oceanos, disse que “este é o tempo dos oceanos”, salientando o papel de Portugal nesta matéria e o desafio que os mares representam sob vários aspectos (captura do carbono, segurança alimentar, entre outros).

Julie Packard, Directora Executiva do Aquário de Monterey, nos Estados Unidos, considerou inspiradora a ideia de Portugal comandar um processo internacional de preservação dos oceanos e, numa alusão ao papel da FOA, destacou a importância da relação entre a filantropia e a investigação, encorajando colaborações nessa matéria. Viriato Soromenho Marques, filósofo com obra publicada sobre ambiente, relações internacionais e filosofia, considerou que actualmente o tema dos oceanos constitui uma questão de política e moral, que parece já ter entrado em definitivo na agenda nacional.



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