Project Forward

Alguns anos depois de ter desenvolvido o veleiro autónomo FASt (FEUP Autonomous Salling-boat), projecto premiado em provas internacionais de vela robótica, o departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (EEC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) prepara-se para dar outro passo nesta matéria e participar em mais uma competição.

Em resposta a um questionário que lhes formulámos, André Ranito e Nuno Granja Fernandes, alunos do 3º ano de Mestrado Integrado em EEC da FEUP, juntamente com José Carlos Alves, o supervisor do clube AFCEA (Associação para as Comunicações, Electrónica, Informações e Sistemas de Informação para Profissionais) da FEUP, a que os estudantes também pertencem, admitiram que o FASt, na sua forma actual, permanecerá um protótipo experimental.

Para “desenvolver um produto final baseado na versão actual do FASt”, seria preciso “desenvolver de raiz uma nova embarcação (eventualmente adaptando algum veleiro pequeno já existente no mercado) que ultrapasse alguns dos problemas identificados” no FASt, relacionados com “o tipo de aparelho usado e a falta de estabilidade que não lhe permite suportar bem ventos acima dos 20 nós”.

Além disso, “ficou claro que os requisitos de projecto de um veleiro autónomo são drasticamente diferentes dos de um veleiro tripulado para competição ou para recreio”, referiram. No entanto, reconhecem que se mantém o potencial para ser aproveitado “em missões de longa duração, como plataformas de baixo custo para adquirir dados do oceano”, o que pode interessar à comunidade científica com actividade ligada ao mar e à Marinha, que já demonstrou interesse no que respeita à defesa e segurança.

Entretanto, no âmbito do projecto, a equipa de investigadores da FEUP adquiriu dois barcos telecomandados de menores dimensões, com o objectivo de os tornar autónomos e usando software e hardware do FASt, bem como software e hardware de raiz. “Como são dois cascos iguais”, explicaram-nos, a equipa pretende montá-los como «catamaran», com maior potencial de velocidade. Mas para o efeito terá de adaptar o software de controlo.

 

Campeonato do Mundo de Veleiros Robóticos em Setembro

 

O departamento de EEC da FEUP também está a organizar o Campeonato do Mundo de Veleiros Robóticos (World Robotic Sailling Competition, ou WRSC), em parceria com a Câmara Municipal de Viana do Castelo, o INESC-TEC e o Clube de Vela de Viana do Castelo, que decorrerá de 5 a 10 de Setembro, no estuário do rio Lima.

Os primeiros cinco dias serão dedicados à competição e os restantes a actividades técnico-científicas, neste caso, a Conferência Internacional sobre Vela Robótica (International Robotic Sailling Conference, ou IRSC), e a um evento social (visita a local ou museu em Viana do Castelo e jantar para os participantes na prova, com 40 a 50 pessoas).

O clube de estudantes da AFCEA participará na prova com o FASt e prevê participar também com a embarcação pequena que está a desenvolver. A equipa tem tentado inovar na organização da competição, designadamente, “no aspecto de monitorização dos veleiros enquanto realizam as provas, reutilizando e adaptando um sistema”, conforme nos explicaram, desenvolvido por colegas franceses e utilizado em 2015.

De acordo com os mesmos responsáveis, está a ser feito um esforço para “fornecer aos competidores uma interface que mostra a localização dos seus barcos em tempo real enquanto realizam a prova de modo a tornar a experiência mais interactiva e emocionante”.

Será igualmente desenvolvido “um algoritmo de avaliação de provas automático, de forma a que seja possível calcular automaticamente as pontuações dos concorrentes momentos após o fim da prova e de uma forma objetiva, o que foi feito pela primeira vez só no WRSC de 2015”, explicaram-nos.

A competição é aberta a embarcações movidas apenas pelo vento e, indirectamente, pela energia das ondas. Os barcos podem usar qualquer tipo de casco (mono ou multi) e qualquer tipo de mastro, com uma ou mais velas suaves ou rígidas. Terão lugar quatro provas: fleet race, station keeping, area scanning e obstacle avoidance.



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