O Secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Alexander Turchinov, terá confirmado à agência noticiosa russa TASS, na última semana, que o Governo ucraniano mantém negociações com a NATO para que esta organização escolte navios da Ucrânia através do Estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azof.
A notícia foi dada pelo Maritime Executive e refere que se a NATO corresponder ao desejo da Ucrânia, já existem meios no local para o efeito. A Marinha dos Estados Unidos tem mantido rotativamente navios militares no Mar Negro ao longo dos últimos meses, exercendo vigilância naval na região. Refere ainda que a Marinha russa, que detém o controlo de facto do Estreito de Kerch, instituiu aí um sistema de inspecção alfandegária que tem atrasado o tráfego marítimo na região.
Recorde-se que ao abrigo da Convenção de Montreux, o tratado internacional que regula os Estreitos, a presença de navios no Mar Negro que não pertençam a Estados da região sofre restrições. Por exemplo, navios de guerra de Estados que não sejam fronteiros ao Mar Negro não podem ali permanecer por mais de 21 dias consecutivos.
A esta negociação entre a NATO e a Ucrânia não é alheio o conflito que opõe Kiev a Moscovo desde 2014 a propósito da Crimeia e que teve um episódio recente em Novembro de 2018, quando a Marinha russa atacou e apreendeu dois navios militares e um rebocador ucranianos no Estreito de Kerch por alegada violação da fronteira, detendo os respectivos tripulantes. Os tripulantes permanecem detidos, agora com um prazo de detenção preventiva alargado até 25 de Agosto. A Rússia tem recusado corresponder aos apelos de vários Estados ocidentais para libertar os navios e os prisioneiros.
Entretanto, já depois das notícias, a Ucrânia elegeu um novo Presidente, o comediante Volodymyr Zelenskiy, que deverá tomar posse em Junho. Caracterizado por ser mais próximo de Moscovo do que o actual Presidente, Petro Poroshenko, Zelenskiy pode vir a revelar-se mas distante do que se possa pensar. Alguns observadores têm referido que o previsível futuro ministro dos assuntos externos já terá admitido que pretende ver a Ucrânia como membro da NATO e da União Europeia, contrariando todos os desejos da Rússia sobre a matéria e reforçando, afinal, os verdadeiros motivos pelos quais Moscovo terá apoiado a secessão da Crimeia face a Kiev
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