Iniciativa do ISCTE e da Universidade de Tel Aviv evidenciou as oportunidades para as empresas da problemática da escassez de água e energia

Na opinião de Ana Brito e Melo, a indústria da energia renovável marinha tem mostrado provas de que está a entrar numa fase de maturidade. Nos próximos anos, a capacidade de lidar e reduzir os riscos tecnológicos e financeiros pela parte das empresas de energia marinha será crucial e definirá o desenvolvimento da indústria no futuro.

A sessão sobre o mar do Workshop Water Ventures teve grande foco na energia proveniente dos oceanos, quer seja energia das marés, das correntes, das ondas, através de gradientes de salinidade ou de temperatura. Ana Brito e Melo, Directora Executiva da WavEC, referiu que a capacidade dos projectos de energia dos oceanos tem aumentado desde 1998, tendo-se estado a assistir ao aumento de uma série de testes de protótipos no Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, China, entre outros.

Marcos Alves, da WavEC, referiu que Portugal tem um grande potencial de geração de energia marinha, embora o custo nivelado da energia desta indústria ainda seja o maior em comparação com outras fontes energéticas. Para reduzir este custo, é necessário analisar as questões de sobrevivência dos aparelhos em condições atmosféricas extremas de mar, estratégias para optimizar a captura de energia e encontrar alternativas para diminuir o custo de manutenção. Até agora, Marco Alves estima que a inovação neste sector tenha reduzido o custo nivelado da energia de fonte marinha de 45 cêntimos por quilowatt para 28 cêntimos.

A título de exemplo de energias marinhas, foi apresentada a empresa CorPower Ocean, que está a desenvolver um produtor para captar a energia das ondas de maneira mais eficiente, com um custo apenas de 15 cêntimos por quilowatt. O evento contou ainda com apresentações dos projectos de robótica do Instituto Superior Técnico e dos sistemas de comunicação do Laboratório CINTAL.

Joseph Kalfter, presidente da Universidade de Tel Aviv referiu que o problema da escassez da água, que é neste momento um bem muito subsidiado pelo Estado português, está a provocar grandes desenvolvimentos na indústria da dessalinização e que o número de patentes nesta área tem aumentado. António Sarmento referiu ainda que sem tratamento adequado dos efluentes aquíferos, água contaminada vem parar ao oceano, o que representa custos para a economia do mar.

O evento que decorreu no ISCTE no dia 27 de Janeiro contou ainda com a presença de Pedro Gonçalves, Secretário de Estado para a Inovação, Investimento e Competitividade, que sublinhou a importância do evento em ligar as entidades de Israel com as universidades e empresas portuguesas relacionadas com a temática da água.



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