Controversa por razões de ordem ambiental, a mineração em mar profundo afigura-se todavia inevitável. Para Artur Manel Pires, Engenheiro de Minas, para além de todas essas preocupações ambientais serem hoje já tidas plenamente em conta, a evolução tecnológica irá permitir uma possível exploração sustentável e ambientalmente adequada, eventualmente, mesmo mais do que sucede actualmente em terra.


3 comentários em “O futuro da mineração em mar profundo”

  1. Artur Manuel Pires diz:

    Relativamente aos dois comentários à minha intervenção, gostava de esclarecer que estou de acordo com a identificação da dificuldade de fiscalização da atividade mineira por parte das autoridades competentes para o fazer, em grande parte devido à escassez de recursos.
    Mas precisamente, também entendo que a atividade mineira em fundo marinho, a haver, será de tal forma diferente e complexa, daquela que atualmente (pouco) se pratica à superfície, que os requisitos ambientais e a respetiva fiscalização do seu cumprimento, também assumirão um carácter inédito.
    Já no que respeita às particularidades da exploração em fundo marinho, julgo que é bastante interessante que exista já uma problematização tão precisa, mas uma vez mais entendo que caso seja feita a exploração do fundo marinho, estes – e muitos outros – problemas, terão entretanto sido resolvidos.
    Se não, não haverá exploração de fundo marinho, e o assunto ficará circunscrito a esta muito interessante troca de opiniões.

    Cordialmente, Artur Manuel Pires

  2. Jose Luis G Cardoso diz:

    Este tema obriga a que Portugal , através do recente criado Conselho Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação, avalie as capacidades dos Laboratórios do Estado , Instituto Hidrográfico, Laboratório Nacional de Energia e Geologia, e Instituto Português do Mar e Atmosfera, nas vertentes humanas, equipamentos de sondagem e avaliação geofísica, para se terminar a cobertura da aceite ZEE e da eventual extensão da área em apreciação.
    É obvio que a recolha de dados no mar vai demorar pelo menos mais vinte anos , com os meios de que dispomos caso for possível se manterem todos operacionais.
    Depois ter-se-á que avaliar o que aparecer realista na plataforma continental até aos 200m e na vertente continental até aos 1000m.
    Reflectindo sobre o que poderá aparecer nos fundos abissais planos ( 3500-4500 m) à superfície dos sedimentos , como bólas de “Golfe” ou de “Ténis”, conhecidos com Nódulos de Ferro -Manganés , teremos no JEM uma excelente conversa sobre ” Qual a maneira de os recolher e trazer à superfície e depositá-los num grande petroleiro transformado em Paiol de Minério..
    No caso de se terem encontrado montanhas submarinas ou montes imagem de vulcões submarinos com zonas de afloramentos ferrosos com profundidades acima de 500 m , dá para imaginar como se poderá fragmentar essas cúpulas e como recolher as partes, mas diria que neste momento é algo económicamente inviável, e ecológicamente inaceitável.
    Para finalizar diria que uma coisa é abordar a recolha de minérios, na plataforma e vertente continental, outra é analisar civilizadamente a possibilidade de explorar na crosta granítica antes de se atingir a crosta basáltica ,eventuais recursos energéticos como parece existirem ao largo de Aljezur

  3. Pedro Pinheiro Augusto diz:

    Quando se dá um martelo a um homem, tudo à sua volta passa a ser pregos. O técnicos de minas não estão satisfeitos com sustentar a máquina económica que está a condenar Portugal a ser o Congo da Europa, com a explosão de zonas de prospecção que, por lei, não há como evitar que se desenvolvam em exploração de minas desde que as suas Avaliações de Impacto Ambiental (desenvolvidas pelos próprios interessados e muitas vezes avaliadas com “dedo leve” pelos poucos e influenciáveis recursos da Direção Geral de Minas) sejam validadas. Depois, o facto de não haver recursos para a fiscalização das 3500 pedreiras e centenas de explorações mineiras, isso já não interessa. O facto de estar em risco o abastecimento de água de 80% da população portuguesa, não interessa. Face a isso, o que importa por em risco a maior riqueza do nosso mar, que é a vida que contém? Depois, muitos se interrogam porque Portugal não sai da cepa torta, não percebendo que os próprios não distinguem o efémero do que queremos perene.

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