Afirmando não ser «bruxo», Ministro da Defesa não confirma entrada em operação do segundo Stanflex em 2016, tal como previsto na LPM.

Na cerimónia de passagem ao estado de armamento do primeiro Stanflex, agora rebaptizado NRP Tejo, realizada ontem, 5 de Maio, na Base Naval de Lisboa, o Ministro da Defesa, Azeredo Lopes, afirmando não ser «bruxo», não confirmou a entrada em operação, ainda em 2016, de um segundo dos quatro Stanflex adquiridos à Dinamarca em finais de 2014, tal como então programado e mais tarde consignado na Lei de Programação Militar, LPM.

De acordo com o plano divulgado inicialmente, o processo de adaptação e modernização dos dois primeiros Stanflex para a Marinha Portuguesa, deveria estar completamente concluído até final de 2016 e dos restantes dois outros até finais de 2017.

Todavia, sabendo-se também não existir ainda qualquer contrato firmado com os Estaleiros do Alfeite, entidade designada para a adaptação e modernização dos Stanflex, a possibilidade de entrada em funções de um novo Patrulha de Costa da nova Classe agora designada Tejo, em substituição dos históricos navios da Classe Cacine, começa a figurar-se algo remota.

Uma situação que parece preocupar o Chefe de Estado-Maior da Armada, Almirante Macieira Fragoso, uma vez que, no seu discurso de abertura da cerimónia, não deixou de recordar a encomenda colocada aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo para a construção de 8 Navios Patrulha Oceânica e 6 Navios Patrulha de Costa, encomenda que deveria ter sido totalmente satisfeita até 2012 mas da qual apenas foram entregues dois Navios Patrulha Oceânica, para alem da questão do Navio Polivalente Logístico, em suspenso, para reforçar a imperiosa necessidade de um rápido reequipamento e modernização dos meios sob pena os meios da Marinha ficarem aquém do necessário ao pleno cumprimento das respectivas missões.

Em termos práticos, o Stanflex 300, agora passado ao estado de armamento, constituindo-se também como o primeiro da nova Classe Tejo, é um navio construído em fibra, com as características aqui apresentadas ontem, 54 metros de comprimentos, boca de 9 metros, calado de 3,5 metros e deslocamento leve de 345,8 toneladas.

A guarnição será de 23 militares, 3 oficiais, 4 sargentos e 16 praças, com uma margem de alojamento de mais 6 lugares.

Dispõe de uma autonomia de 2 400 milhas a 14 nós e capacidade de armazenamento para sete dias em operação, sendo propulsionado por dois motores diesel que lhes permitem atingir 20 nós e ainda de uma turbina a gás que, em conjugação com os primeiros, faculta, em caso de necessidade, 10 nós adicionais, ou seja, a possibilidade de atingir os 30 nós.

Em termos de adaptação e modernização, o trabalho do Alfeite centrou-se na integração de novos Sistemas de Comando e Controlo, entre os quais o Sistema de Gestão de Plataforma Lyngso Marine(DK), o Sistema Integrado de Comunicações da EID (PT) e o Sistema Integrado de Navegação da Direcção de Navios.

Em termos de Armas e Sensores, o NRP Tejo dispõe de uma capacidade de tiro de superfície até 30 mm, contando com dois radares de banda I Kevin Hughes, receptores INMARSAT mini-C, Mini-VSAT KVH v7 lp, um odómetro electromagnético e um sensor electro-óptico, para além de lanchas rápidas de resgate NOREQ e uma grua de 5 toneladas.

Como também se sabe, a aquisição inicial da plataforma teve um custo de um milhão de euros, devendo a adaptação e modernização rondar os seis milhões de euros.



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