O Governo italiano autorizou o navio humanitário Sea-Watch 3 a atracar na Sicília e a desembarcar ali os 47 migrantes resgatados no Mediterrâneo que tem a bordo, referiram meios de comunicação internacionais. A decisão surge depois de ameaças de processos judiciais do ministro do Interior, Matteo Salvini, contra a tripulação do navio, e do compromisso de seis países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, em receber os migrantes. Os outros países são França, Alemanha, Roménia, Malta e Luxemburgo.
Recorde-se que o navio esteve impedido de entrar em águas italianas durante mais de 10 dias, com migrantes resgatados no dia 19 de Janeiro ao largo da costa da Líbia, onde se estavam a fundar num pequeno bote. Entre os resgatados estão 15 crianças não acompanhadas, que serão enviadas para um centro de acolhimento em Catânia. Os homens serão enviados para Messina, antes de serem enviados para outros países.
De acordo com a organização humanitária Sea-Watch, na sequência de uma queixa apesentada pelos migrantes e pela tripulação do navio, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos reconheceu que ocorreram violações dos direitos humanos nesta situação e impôs medidas internas, mas a organização entende que essas medidas não bastam. Já a Lusa refere que o Ministério Público de Catânia, onde o navio tem permanecido bloqueado por motivos técnicos, considerou que os tripulantes não cometeram qualquer crime entre o resgate dos migrantes e o seu desembarque, mas abriu um inquérito por indícios de auxílio à imigração ilegal. A organização, todavia, sustenta que não cometeu qualquer irregularidade.
Entretanto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou um relatório intitulado «Desperate Journeys», segundo o qual em 2018, morreram em média seis pessoas por dia ao tentarem atravessar o Mediterrâneo. De acordo com o relatório, no último ano, cerca de 2.275 pessoas morreram ou desapareceram nessas tentativas e 139.300 migrantes chegaram à Europa, o número mais baixo dos últimos cinco anos.
Refere ainda o ACNUR que em 2018, entraram 65.400 migrantes em Espana por terra e mar, tornando-se a principal porta de entrada na Europa para essas pessoas, 50.500 pela Grécia e 23.400 por Itália.
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