A Indonésia protestou formalmente contra o que classificou de violação das suas águas territoriais por um navio da Guarda-Costeira chinesa numa área conhecida por Mar de Natuna, próximo de uma zona disputada no Mar da Sul da China, informam meios de comunicação internacionais, citando o Ministro dos Negócios Estrangeiros indonésio, Retno Marsudi. A área em questão, todavia, é considerada pela China e pela Indonésia como parte integrante da província indonésia de Riau.
Segundo relatos da imprensa, um navio patrulha indonésio terá tentado reter um barco de pesca chinês e chegado mesmo a deter os seus oito tripulantes, por estarem a pescar ilegalmente em águas da Indonésia. A Guarda-Costeira chinesa, porém, terá impedido os indonésios de aprisionarem o navio. A China considerou que o pesqueiro estava a operar em águas de pesca tradicionais chinesas e exigiu a libertação dos pescadores.
O incidente ocorreu no contexto de uma tensão crescente no Mar do Sul da China, especialmente por causa das reclamações territoriais da China sobre vastas faixas de um corredor marítimo rico em recursos. A China, aliás, tem vindo a reclamar quase todo o Mar do Sul da China, uma zona estratégica rica em gás natural e recursos de pesca igualmente alvo de pretensões territoriais de outros Estados da região.
Na sequência do incidente, Retno Marsudi ter-se-á encontrado com diplomatas chineses em Jacarta, a quem terá manifestado o seu veemente protesto pela violação da soberania indonésia perpetrada pela Guarda-Costeira chinesa. Posteriormente, um representante da Embaixada chinesa em Jacarta terá referido que “no que respeita a disputas sobre questões marítimas ou pesqueiras, a China está sempre disposta a resolvê-las com a Indonésia, pelo diálogo e por negociações”.
Igualmente no seguimento deste episódio, que não é o primeiro incidente envolvendo navios indonésios e chineses na região na última década, o Ministro da Defesa da Indonésia terá considerado que o seu país não tenciona reforçar o dispositivo militar nas distantes ilhas Natuna. No entanto, um membro do Governo indonésio admitiu que o seu país se sente sabotado nos seus esforços para manter a paz no Mar do Sul da China e pode mesmos levar esta disputa a um Tribunal Internacional.
Por seu lado, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China já negou que um navio da sua Guarda-Costeira tivesse invadido águas territoriais indonésias após o protesto da Indonésia.
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