Sabia que o estado das turbinas eólicas pode afectar a sua resistência até 30%? E que danos não identificados podem levar a consequências graves? A Pro-Drone sim. Tanto mais que este é o seu negócio. A empresa, que nasceu no início do ano, mais precisamente em Fevereiro, resulta de uma spin-off da WavEC Offshore Renewables. O conceito do negócio foi desenvolvido e apoiado pelo WavEC, mas a empresa em si teve viabilidade para avançar «quando angariámos o apoio da KIC Innoenergy e entrámos no seu programa de aceleração», revela André Moura, fundador da Pro-Drone.
Depois de identificada a necessidade de mercado, foi relativamente fácil estabelecer o negócio. Mesmo porque as «pás das turbinas eólicas são um componente crítico dos trabalhos de operação e manutenção de parques eólicos». Actualmente, como explica o fundador da Pro-Drone, as pás são maioritariamente inspeccionadas através de trabalhos de corda ou objectivas a partir do chão, sendo que drones, ou UAVs, oferecem melhorias significativas em relação a ambas.
Por enquanto a Pro-Drone ainda está a testar (mais precisamente a tentar provar) o conceito, assim como a desenvolver o protótipo e respectiva validação do modelo de negócio. Para quem pensaria que estas fases demorariam (muito) tempo… desengane-se. Como revela André Moura, a empresa não só conseguiu atingir todos esses objectivos, como patenteou a tecnologia – 100% nacional – a nível europeu e ainda realizou a sua primeira venda (no mercado nacional). «Em 2016 procuramos angariar capital, crescer e realizar projectos pilotos em turbinas em Portugal e na Europa.»
Este é um produto/serviço com elevado potencial. Isto porque os clientes alvo são os «operadores de parques de energia eólica que pretendem fazer uma avaliação e rastreio do estado das pás da sua frota». Mas a Pro-Drone é mais ambiciosa. Quer ir mais além. Como? André Moura explica que, «no futuro, de forma a podermos crescer e ter uma presença internacional, pretendemos licenciar a tecnologia para ser operada por terceiros”.
Para já a empresa optou por focar os seus esforços no mercado nacional, embora admita que «haja pilotos marcados em outros países europeus, nomeadamente na Alemanha e na Polónia».
Curiosamente, um dos clientes com maior potencial são parques que começam agora a ser anunciados. Ou seja, a eólica offshore. Esta não só está em franca expansão como, pela natureza da sua localização, terá de ter cuidados especiais com a manutenção. Área onde André Moura afirma que a Pro-Drone pode oferecer optimizações de custos muito interessantes. «Pretendemos realizar testes piloto já no próximo ano e focarmo-nos nesse mercado a partir de 2017», revelou ao Jornal da Economia do Mar.
Questionado sobre as vantagens do serviço da Pro-Drone, André Moura foi peremptório: «A Pro-Drone oferece um serviço que permite optimizar significativamente os custos de inspecção das pás. Fazemos isso reduzindo o custo do serviço, bem como o tempo de paragem da turbina e facilitando a logística da operação. Oferecemos ainda uma resolução muito alta dos danos na pá, na ordem de 0.1 mm, e uma operação sem riscos para a saúde humana.»
A diferença está no facto de a solução da Pro-Drone, para a inspecção de pás, assentar em dois pilares tecnológicos. Por um lado, a navegação relativa que permite ao drone calcular, em tempo real, onde está a pá e colocar-se na posição ideal para realizar a inspecção. «Este voo autónomo torna o processo de voo muito mais robusto, replicável e seguro do que a pilotagem manual.» Por outro lado, há que contar com a forma de organizar e tratar os dados online. Segundo André Moura, a Pro-Drone está a desenvolver
um procedimento que permite a colocação dos dados na cloud e os processa automaticamente de forma a estarem facilmente acessíveis. Outra vantagem é o facto de o sistema permitir a criação de anotações, reconhecimento de dados e de gerar, automaticamente, relatórios. «Estes dois componentes permitem-nos oferecer um serviço único e diferenciado do que existe actualmente. É ainda de salientar que a nossa tecnologia pode ser facilmente aplicada para a inspecção de outras estruturas verticais, tais como pilares, pontes ou postes de transmissão», conclui o responsável pelo marketing estratégico da Pro-Drone.
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