Os incidentes de segurança marítima à escala global totalizaram 281 casos no primeiro semestre de 2016, menos 24% face ao período homólogo do ano anterior, de acordo com a consultora de risco Control Risks.
Uma tendência confirmada pelo relatório do Internacional Maritime Bureau (IMB) da Câmara Internacional do Comércio sobre pirataria marítima e assaltos à mão armada que, no mesmo semestre, registou 98 casos de pirataria, contra 134 no período homólogo de 2015.
Diz a Control Risks que a redução foi principalmente induzida pela queda de 61% nas ocorrências do sudeste asiático, “onde os incidentes de pirataria e assalto à mão armada atingiram o seu ponto mas baixo desde 2009”, refere o World Maritime News.
Já o director do IMB, Pottengal Mukundan, justifica a queda nos números da pirataria com a melhoria do panorama na Indonésia, onde foi reforçada segurança nos portos, e a persistente detenção de piratas somalis na África Oriental.
A diminuição dos níveis de criminalidade no corno de África, no sul de África e na América Central também contribuiu para a redução global dos incidentes criminais sobre navios e tripulantes.
A pirataria e o assalto à mão armada, aliás, continuam a ser os tipos mais comuns de ocorrências contra navios e os que suscitam maiores preocupações, correspondendo a 96% dos incidentes, segundo a Control Risks. O relatório da IMB, por seu lado, fala em 72 navios abordados, 5 sequestros, 12 tentativas de ataque e 9 situações de utilização de armas de fogo contra os navios.
Na Europa, porém, não se registaram casos deste tipo. Ao invés, foi o activismo marítimo – acontecimentos associados a questões laborais, por exemplo – que despertou maiores preocupações entre os europeus. E foi na Europa que se registaram mais situações deste tipo: 57% do total global, em portos e instalações offshore.
Já no Golfo da Guiné, os incidentes marítimos relacionados com a segurança de navios e tripulações recrudesceram 51% no mesmo período, face ao mesmo período de 2015, refere a Control Risks. Nessa zona e em águas nigerianas verificaram-se “os níveis mais elevados de incidentes de segurança marítima desde 2008”, com “elevado número de raptos e ataques”, refere o World Maririme News.
Para Pottengal Mukundan, “no Golfo da Guiné, mais do que o sequestro de petroleiros pela sua carga, existe um aumento de raptos de tripulantes para resgate”. De acordo com o IMB, 70% dos raptos em navios ocorrem nesta zona, com abordagens por grupos a navios localizados entre 30 a 120 milhas náuticas da costa (entre 55 a 220 quilómetros de distância). “Na Nigéria, os ataques são frequentemente violentos”, diz o IMB, com oito em cada nove navios a serem alvo de tiros.
A Control Risks concluiu que 11% dos incidentes de segurança envolveram raptos, 57% dos quais no Golfo da Guiné, 26% no sul da Ásia e 17% no Sudeste Asiático. Segundo a IMB, os raptos aumentam, com um registo de 44 tripulantes capturados para resgate, 24 dos quais na Nigéria, mais 10 do que no mesmo semestre de 2015.
De acordo com a Control Risks, os três principais locais, entre portos e ancoradouros, para a prática de crimes foram Kandla (Índia), Tanjung Priok, em Jacarta (Indonésia), Callau (Perú) e Pulau Batam (Indonésia).
A consultora identificou também o volume de incidentes por tipo de navio e registou que 20% ocorreram com navios-tanque. Nas Américas, quase 100% dos casos deu-se com estes navios, na Ásia/Pacífico estiveram envolvidos em cerca de 95% das situações, em África em quase 90% e no Médio Oriente e Norte de África em 70%.
As ocorrências com navios de mercadorias verificaram-se maioritariamente na Ásia/Pacífico (44%) e menos nas Américas, Médio Oriente e Norte de África e África em geral (10% dos casos em cada uma destas zonas).
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