Domínio da Biotrend em processamento de matérias-primas é essencial foi decisivo para apostar na biotecnologia marinha

A Biotrend, empresa especializada em biotecnologia industrial, está envolvida em dois projectos internacionais de biotecnologia marinha: o Bluegenics, que procura novos componentes bioactivos para a indústria farmacêutica em organismos marinhos, e o Thermofactories, “que preconiza a transformação de biomassa de macroalgas em produtos químicos por processos biotecnológicos”, conforme explica Bruno Sommer Ferreira, CEO da companhia.

O Bluegenics tem um orçamento de 8,4 milhões de euros e é co-financiado em 6 de milhões de euros pelo 7º programa-quadro da União Europeia (UE). O Thermofactories, que arrancou em Fevereiro, no âmbito do consórcio ERA-Marine Biotechnology, tem um orçamento próximo dos 2,5 milhões de euros e comparticipação das agências científicas nacionais dos países membros (Noruega, Dinamarca, Suécia, Islândia e Portugal) de 2 milhões de euros.

 

O mar na Biotrend

Apesar deste empenho, o aproveitamento de bio-recursos e biotecnologias marinhas é “uma área ainda emergente na Biotrend, mas com potencial de crescer significativamente”, refere Bruno Sommer Ferreira. De acordo com o CEO, foi em 2015 que a empresa obteve “os primeiros rendimentos junto de clientes nesta área de actividade”, que rondaram os 60 mil euros (excluindo proveitos de projectos co-financiados pela UE. O investimento feito pela empresa em 2015 num projecto de biotecnologia marinha é hoje considerado estratégico.

O mesmo responsável considera que os conhecimentos e a experiência da empresa “no processamento de matérias-primas complexas” são essenciais para apostar em processos que “pretendem utilizar biomassa das macroalgas como fonte de matéria-prima. Além de que a Biotrend já possui elevada experiência “na transição de conceitos explorados à pequena escala laboratorial em processos biotecnológicos robustos que possam ser implementados à escala industrial baseados em micro-organismos marinhos”, acrescenta.

Na prática, a empresa produz conhecimento nesta área e pode “contribuir tanto no que concerne ao aproveitamento de matérias-primas de origem marinha, como no desenho de processos centrados na produção de compostos diversos usando micro-organismos de origem marinha”, prossegue Bruno Sommer Ferreira.

 

A empresa

A Biotrend nasceu da vontade dos seus fundadores de transferir conhecimento acumulado “na área do desenvolvimento de processos biotecnológicos numa actividade empresarial”, algo que contraria a tradição nacional de manter o conhecimento na redoma da academia. A oportunidade surgiu a propósito do melhoramento de um processo “desenvolvido numa Universidade espanhola e cujos direitos tinham sido adquiridos por um grupo de empresários nacionais”, conta o CEO. Daí resultaram proveitos “que marcaram o início de vida da Biotrend e para os nossos clientes um processo funcional protegido por uma patente”, conclui.

Actualmente, a empresa é especialista no desenvolvimento de processos biotecnológicos, “normalmente utilizando micro-organismos, para a produção de produtos químicos ou materiais, como bio-plásticos, a partir de matérias-primas renováveis e que substituam produtos derivados da indústria química, assentes em matérias-primas petrolíferas”, diz Bruno Sommer Ferreira.

Contam com oito colaboradores e entre os seus clientes contam-se empresas nacionais e internacionais. Os clientes nacionais são mais numerosos, mas “os projectos de maior volume vêm tipicamente de clientes internacionais”, admite o CEO da Biotrend. A empresa participa também em consórcios internacionais de investigação na área da biotecnologia marinha.



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