A partir de hoje e até 30 de Setembro, estará patente ao público, em frente ao Campo das Cebolas, em Lisboa, gratuitamente, a exposição itinerante «Village Energy Observer», que, conforme explica a Embaixada de França em Portugal, “tem por objectivo dar a conhecer aos visitantes a Odisseia para o Futuro do primeiro navio a hidrogénio”, o Energy Observer, o primeiro navio a hidrogénio a dar a volta ao mundo e que está na capital portuguesa até 1 de Outubro.
De acordo com a representação diplomática francesa, “este espaço de exposição interactiva e pedagógica é um espaço de encontros, de intercâmbios e de descobertas que propõem realidade virtual e projecções a 360°”. Segundo apurámos, a escala do navio em Lisboa, de 18 de Setembro a 1 de Outubro, no âmbito da sua expedição Odisseia para o Futuro, foi pensada para coincidir com a Portugal Shipping Week.
Aliás, conforme esclarece a Embaixada de França, Victorien Erussard, um dos comandantes da expedição, marca presença no Oceans Meeting, encontro internacional sobre os oceanos que decorre desde ontem e até hoje, em Lisboa. Na capital portuguesa, juntamente com Jérôme Delafosse, o outro comandante da expedição, Victorien Erussard “apresentará as tecnologias existentes a bordo, relatará a expedição e procurará descobrir soluções inovadoras para a salvaguarda do planeta”.
Recorde-se que “o Energy Observer começou uma Odisseia de seis anos (2017-2022), em 50 países, com 101 escalas, para sensibilizar a opinião pública acerca dos principais temas da transição ecológica, incluindo as energias renováveis, a biodiversidade, a mobilidade e a economia circular, durante as suas escalas com uma exposição itinerante, nas redes sociais e através de um conjunto de conteúdos”, conforme refere um documento oficial sobre a expedição, que é apoiada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
“Primeiro navio do mundo capaz de produzir o seu hidrogénio a bordo a partir da água do mar, por electrólise”, refere o documento, “ao realizar uma viagem autónoma à volta do mundo com este sistema energético exclusivo, o Energy Observer demonstra, aos opinion-makers, empresas e cidadãos, as capacidades do hidrogénio para que estes apoiem a sua implantação em grande escala nas próximas décadas”.
“Nascido em Saint-Malo (França), o Energy Observer é uma iniciativa que reúne um ecossistema de personalidades dos sectores público e privado, que compartilham ambições idênticas de interesse geral” e tem parceiros institucionais, como a UNESCO, a IRENA e o Ministério da Transição Ecológica e de Solidariedade de França, que “reconhecem a dimensão inovadora, política e internacional do Odisseia para o Futuro”, beneficiando do apoio oficial da Comissão Europeia. O documento acrescenta que 60 personalidades do sector público e privado “tornam esta expedição possível”.
A propósito do navio, o documento alude a uma “verdadeira plataforma experimental a propulsão eléctrica”, que “funciona graças a uma mistura de energias renováveis que permitem alimentar um sistema de produção de hidrogénio a partir da electrólise da água do mar”, naquilo que é “uma arquitectura energética inovadora, realizada em colaboração com o CEA-Liten e outros parceiros científicos e industriais”.
“Graças à mistura das energias renováveis (solar, eólica e hidráulica) e ao duplo armazenamento de baterias e hidrogénio produzidos a bordo por electrólise da água do mar, o navio visa a autonomia energética”, refere a Embaixada de França, acrescentando que “este smart grid dos mares antevê as futuras redes energéticas, livres de carbono, descentralizadas e digitalizadas, com a ambição de tornar este sistema aplicável em terra, numa grande escala”.
“Desde a sua largada de Saint-Malo (França) em Junho de 2017, o Energy Observer percorreu mais de 9.000 milhas náuticas, sem emissão de gases com efeito de estufa nem partículas finas”, esclarece a representação diplomática francesa. Lisboa é a terceira maior escala do trajecto. Em 27 de Junho de 2017 partiu para uma volta à França e em 28 de Março deste ano partiu de Marselha para uma volta ao Mediterrâneo.
Antes de Lisboa, o navio também escalou Itália (Veneza, Bari, Messina, Stromboli, Salerno de 6 de Julho a 3 de Agosto), França (Bastia e Saint-Tropez de 6 a 16 de Agosto), Espanha (Minorca, Maiorca, Ibiza, Formentera e Valência de 19 de Agosto 6 de Setembro) e Marrocos (Tânger de 9 a 15 de Setembro). As escalas seguintes decorrem na Corunha (4 e 5 de Outubro), Saint-Malo para a Rota do Rum – Destination Guadeloupe (19 de Outubro a 5 de Novembro).
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Assinalável, a iniciativa francesa de dotar um barco com tecnologias recentes e sustentáveis, de forma a demonstra-las neste meio tão exigente. Também se relativiza que há quase 500 anos um português se lançou, deu a vida e permitiu cumprir pela primeira vez o objetivo globalizante de realizar uma viagem autónoma à volta do mundo, embora sem todas estas tecnologias, mas com toda a ciência necessária, e sem sequer uma certeza verificada até então de que seria possível a circum-navegação.