18-3326 é o número do processo que está a gerar controvérsia em torno dos riscos para as espécies marinhas da perfuração offshore no Oceano Atlântico.
Chistopher Sabine

Um grupo de ambientalistas solicitou ao Tribunal Distrital da Carolina do Sul (Estados Unidos) para bloquear o arranque das actividades de perfuração offshore de sondagem sísmica no Oceano Atlântico alegando ter sido a aprovação do Governo para tais pesquisas a cinco empresas uma violação da Lei de Proteção dos Mamíferos Marinhos, da Lei de Espécies em Perigo e da Lei Nacional de Política Ambiental, segundo o Maritime Executive.

Ao que parece, o grupo de ambientalistas não foi o único a protestar – 16 comunidades costeiras da Carolina do Sul e a Câmara do Comércio de Pequenas Empresas da Carolina do Sul também instauraram uma acção judicial no Tribunal Federal de Charleston para impedir a actividade sísmica. As duas acções fundiram-se numa só.

Segundo os proponentes da acção, os golfinhos, baleias e outros animais poderiam suportar cinco milhões de explosões, que ocorreriam a cada 10 segundos, sendo que estas formas de pressão sísmicas são das maiores fontes de ruído nos oceanos. Ainda assim, o Governo não considerou o efeito sobreposto de várias explosões simultâneas e considerou erradamente que teriam o mesmo impacto que uma explosão, afectando nocivamente pequeno número de baleias e golfinhos. Inclusivamente o Serviço Nacional de Pesca Marítima autorizou uma empresa a prejudicar mais de 50 mil golfinhos e outra a prejudicar outras 20 mil.

Bastantes foram as instituições que se ergueram para defender as espécies marinhas quando o Governo se preparou para avançar com o Programa de Leasing de Petróleo e Gás da Plataforma Continental Exterior de Gestão de Energia Oceânica (BOEM). O projecto, proposto em Janeiro de 2018, teria aberto mais de 90% das águas americanas para o desenvolvimento de petróleo e gás. Uma versão que apesar das significativas resistências ainda tem apoiantes. É o caso do American Petroleum Institute (API), que divulgou um comunicado no mês passado, onde referia que “fechar a porta ao desenvolvimento no exterior pode prejudicar as economias locais, bem como a segurança energética dos Estados Unidos e é um passo na direcção errada”.

Note-se que numa sondagem recente divulgada por Mike Sommers, CEO e presidente do API, pode averiguar-se a opinião dos os americanos a este respeito: 84% apoiam o aumento do desenvolvimento da infra-estrutura energética do país; 83% consideram o gás natural e o petróleo como importantes para o futuro; 78 por cento dos eleitores apoiam o aumento da produção de gás natural e recursos petrolíferos; 77% apoiam as políticas de energia que o sector de gás natural e petróleo, defendendo um suprimento seguro de energia abundante, acessível e disponível; 75% apoiam o papel do gás natural na redução das emissões de gases de efeito estufa; 90% detectam valor pessoal no gás natural e petróleo.



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