Pirataria marítima

Os crimes marítimos diminuíram no Sudeste Asiático, Golfo da Guiné e na Zona de Alto Risco do Oceano Índico no terceiro trimestre deste ano, segundo a empresa de análise de segurança marítima Dryad Maritime.

Entre Julho e o fim de Setembro, a Dryad Maritime registou 24 casos de pirataria ou outros crimes marítimos no Sudeste Asiático, fazendo subir para 69 o número de incidentes naquela região desde Janeiro. O que significa uma redução de 65% face ao período homólogo de 2015.

Segundo a Dryad Maritime, “com excepção do Mar de Sulu, os crimes marítimos no Sudeste Asiático estão no seu nível mais baixo desde 2009” e a empresa atribui o fenómeno “às detenções de grupos criminosos responsáveis por abordagens e assaltos no Estreito de Singapura, efectuadas nos últimos meses de 2015”, bem como às detenções dos responsáveis por sequestros e roubos de mercadoria de pequenos navios tanque locais na região entre 2014 e o princípio de 2015.

Segundo a mesma empresa, o número de roubos de navios ancorados ou ao largo dos portos do Sudeste Asiático caiu de uma média de sete por mês em 2015 para quatro por mês em 2016. A redução mais significativa terá sido no Vietname, onde só ocorreram cinco incidentes deste género, e no Bangladesh, onde sucederam apenas três. Nos mesmos locais, em 2015, registaram-se 15 e 12 ocorrências, respectivamente.

Relativamente ao Golfo da Guiné e dentro da Zona de Exclusão Económica da Nigéria, verificou-se uma diminuição da frequência de ataques, num total de quatro a navios comerciais (no mar, ao largo do Delta do Níger) desde o início de Julho, contra 36 nos primeiros seis meses deste ano.

Mas a Dryad Maritime refere que “embora tenha havido uma diminuição dos ataques, a ameaça não desapareceu” e espera mais tentativas de raptos de tripulações veteranas ao largo da Nigéria a qualquer momento, “com a forte possibilidade destes ataques voltarem a aumentar no último trimestre”. De acordo com padrões anteriores, é no último trimestre do ano que tais ocorrências aumentam nesta zona devido a melhorias das condições climatéricas e do estado do mar.

Quanto à Zona de Alto Risco do Oceano Índico, que abrange zonas do Mar Vermelho e Golfo de Omã, entre outras, a Dryad Maritime não registou qualquer ataque confirmado no período em análise. A monção fez sentir o seu efeito no estado do mar e nas condições climatéricas gerais, contribuindo para afastar potenciais assaltantes.

Todavia, o fim da monção na região, designadamente, no Mar Arábico e na Bacia da Somália, poderá significar o regresso de condições mais favoráveis a pequenas operações, ainda que a probabilidade do retorno a pirataria em mar aberto seja baixa, refere a empresa.

A presença de forças militares navais na região, vem como a presença de guardas armados a bordo dos navios mercantes têm constituído igualmente um poderoso dissuasor de quaisquer acções de pirataria no mar, refere a mesma empresa.

As más notícias são o registo de 81 raptos e sete mortos em 2016, decorrentes de incidentes de violência no mar, a que a Dryad Maritime acrescenta 57 tripulantes provavelmente actualmente cativos de grupos criminosos.

Na mesma linha vai o Acordo de Cooperação Regional de Combate à Pirataria e ao Assalto Armado a Navios na Ásia (Regional Cooperation Agreeement on Combating Pitacy and Armed Robbery against Ships in Asia, ou ReCAAP), ao reconhecer um decréscimo de 65% nos incidentes de pirataria marítima e assaltos à mão armada ocorridos na Ásia entre Janeiro e Setembro deste ano face ao mesmo período do ano anterior.

De acordo com o ReCAAP, registaram-se 59 incidentes na Ásia, dos quais três actos de pirataria e 56 assaltos à mão armada. Nos Estreitos de Malaca e Singapura, as melhorias foram significativas e contribuíram para esta descida. Em ambos os locais, registaram-se apenas dois episódios de Janeiro a Setembro deste ano, contra 96 no período homólogo de 2015.

 

 



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