A União Europeia mantém absoluto silêncio sobre a questão do Mar do Sul da China, temendo susceptibilizar o seu segundo maior parceiro comercial e dividida entre questões internas.

Apesar das recentes declarações do Presidente Francês, François Hollande, advogando o patrulhamento do Mar do Sul da China por navios europeus, a União Europeia, dividida entre o receio de susceptibilizar e poder alienar o seu segundo maior parceiro comercial e divisões internas, não consegue chegar a um consenso para uma declaração conjunta e o silêncio impera.

Apesar da posição oficial da União Europeia ser a de não intromissão na disputa entre as Filipinas e a China, há uma clara preocupação com a crescente militarização do Mar do Sul da China, como as palavras de François Hollande o atestam, mas, além da invocação da observância da lei internacional, sobre o caso agora em apreço, ou seja, sobre a decisão do Tribunal Arbitral de Haia e a reacção de Pequim, nada é oficialmente declarado.

Não e estranho, ao caso, a disputa que divide a Croácia e a Eslovénia e que levou a primeira a rejeitar, em 2015, qualquer possibilidade de o processo vir a ser decidido pelo Tribunal Arbitral de Haia e a recusar agora qualquer referência à Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar no texto final a ser apresentado conjuntamente pela União Europeia sobre o presente caso.

A complicar a situação, Pequim tem também feito grandes aproximações aos países de Leste, nomeadamente à Hungria, oferecendo significativos contractos comerciais em troca do respectivo apoio à sua posição no Mar do Sul da China e a uma evolução mais favorável dos tratados comerciais entre a União Europeia e a China, como referido por um diplomata que quis manter o anonimato.

Estas divisões não se afiguram benéficas para uma afirmação da União Europeia em termos de Política Marítima e, não obstante continuarem as conversações a 28, o facto é que, o Reino Unido, o maior apoiante das posições francesas no que respeita ao Mar do Sul da China, após o Brexit, também passou a afirmar uma posição bastante mais discreta nas discussões em Bruxelas.

Neste enquadramento, embora se espere uma posição oficial da União Europeia sobre a questão do Mar do Sul da China, a expectativa agora que será uma posição moderada e talvez até mesmo de algum distanciamento.

 



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill