A procura mundial de transporte deverá triplicar até 2050, de acordo com projecções do Transport Outlook 2019 do Fórum Internacional do Transporte (ITF, no acrónimo em inglês), uma organização de reflexão sobre políticas de transporte que reúne 60 países junto da OCDE. E nesse contexto, o transporte marítimo continuará a ser o principal modo de transporte das mercadorias, à semelhança do que já ocorre actualmente.
De acordo com o documento do ITF, o transporte marítimo continuará a ser o maior contribuinte para o transporte global de carga por quilómetros (em inglês, tonne-kilometres, uma unidade de medida de transporte de carga que traduz o volume de carga, em toneladas, transportada por quilómetro através de qualquer meio de transporte, incluindo mar, ferrovia, estrada, ar, vias navegáveis interiores ou oleodutos, entre outros) em 2050, sendo então responsável por mais de três quartos de todo esse transporte.
Ainda segundo o ITF, nessa data, a restante carga será essencialmente transportada por estrada (17%) e ferrovia (7%). Além disso, o transporte marítimo cobre a maioria do movimento de bens através de longas distâncias e este continuará a ser o cenário nos próximos anos. A procura actual por projectos relacionados ao transporte de carga por via marítima crescerá a um ritmo de 3,6% ao ano até 2050, o que levará à triplicação dos volumes transportados por via marítima nessa data.
O documento recorda dados de 2017, segundo os quais o transporte de volumes por mar cresceu 4% nesse ano, o que representou a mais rápida taxa de crescimento desde 2012. Também em 2017, foram transportados 58 triliões de toneladas por quilómetro por via marítima, o que representou mais 6% do que no ano anterior. Ainda em 2017, terão sido embarcados 752 milhões de TEU nos portos de carga contentorizada e a frota marítima global cresceu 3,3%, mas o crescimento em capacidade foi ultrapassado pelo aumento do volume de cargas.
Outra conclusão do ITF é a de que o valor económico dos fluxos de carga pelo Pacifico Norte e Oceano Índico terá aumentado cerca de quatro vezes entre 2015 e 2050. Duas zonas pelas quais passará um terço de todo o comércio marítimo mundial em 2050. No Atlântico Norte, que será a terceira principal zona, pela qual passará 15% do comércio marítimo mundial.
Outra análise do documento refere que um crescimento mais lento do que o esperado no comércio internacional conduziu a um excesso de capacidade de transporte em certos segmentos e zonas de transporte marítimo. Como os investimentos nesta indústria não se recuperam facilmente, as empresas serão porventura tentadas a cortar custos para manterem a sua rentabilidade, concentrando os seus recursos num limitado número de portos e rotas, o que, por sua vez, provocará um esforço adicional desses portos.
Estima ainda o documento que as projecções actuais sobre a procura indicam que os investimentos previstos em capacidade portuária deverão ser suficientes para responder à procura de transporte marítima até 2030 na maioria das zonas de todo o mundo, com excepção do sul da Ásia.
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