Um projecto para unir o surf ao trabalho social.
Surf Social Wave

Chama-se Surf Social Wave, nasceu em Cascais e é a primeira associação portuguesa criada para fazer um processo de aprendizagem com crianças, adolescentes e adultos ligado ao surf. Um trabalho com continuidade, utilizando uma métrica de avaliação para testar – o surf de facto muda a vida das pessoas? – é o factor diferenciador entre este e outros projectos do género. O projecto que arrancou no dia 4 de Outubro tem, neste momento, oito adolescentes a ter aulas e começou na praia de Carcavelos.

“Aquilo que o surf nos traz enquanto surfistas – a resiliência para ultrapassar os medos, a resistência, a capacidade de voltar a tentar e o que se consegue trazer para a vida profissional”, como afirma o Presidente da Associação de Surf Social Wave (ASSW), António Pedro de Sá Leal. Recorde-se que toda a economia ligada ao surf, em 2007, estava estimada em 50 milhões de euros e em 2015 já valia 400 milhões de euros, formando todo “um ecossistema de profissões ligadas ao surf”, e é neste “ecossistema” que a ASSW pretende ajudar pessoas em situação de fragilidade social a encontrar nos valores e nas profissões ligadas ao surf um caminho para o futuro, refere o mesmo responsável.

Com o objectivo de trabalhar a resiliência, a auto-estima e o desempenho escolar nas 11 crianças e nos 8 adolescentes, esta instituição acolhe jovens da Casa Pia, segundo uma selecção prévia dos participantes. Nos adolescentes pretende-se que tenham, além das aulas de surf, uma experiência profissional no final do ano lectivo.

Sessões de coaching, uma formação com certificado IEFP, o conhecimento das várias profissões ligadas ao surf e uma experiência de estágio profissional, são os propósitos deste programa para 22 adultos que se encontrem desempregados e forem seleccionados após apresentação do projecto na Câmara Municipal de Cascais, onde está sediado.

Com um investimento de 140 mil euros para os primeiros 18 meses, o projecto tem vários níveis de financiamento: entidades públicas, candidaturas a fundos estruturais, responsabilidade social das empresas, a própria escola de surf que trabalha também com clientes, bem como o lucro do Campeonato de Bodysurf que a «Alfarroba Ideias e Eventos», empresa de António Pedro, organiza todos os anos.

Principalmente às empresas parceiras – como o IEFP, a Vieira de Almeida, a Gravity Creative Dynamics, a Despomar, a Ocean Events ou a Federação Portuguesa de Surf – a ASSW solicita, além de financiamento, que sejam mentoras, no sentido de poderem explicar a ideia do projecto aos participantes, assim como conseguir espaços para estágios.

Num futuro próximo, o objectivo da associação, que conta com nove colaboradores, desde uma médica pediatra, a professores de surf e um coaching de desenvolvimento pessoal, é “começar a transferir o negócio para outras autarquias do país, e em cinco anos, à escala europeia”, como afirma o mentor do projecto, acrescentando que já estiveram em Bruxelas a explicar o projecto à REPER (Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia).



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