Há mais de um ano que o transporte marítimo de graneis sólidos está a sofrer uma crise profunda. A forte quebra no consumo de minério de ferro e carvão na China, matérias-primas que correspondem a 2/3 de todo o volume de graneis sólidos transportados via marítima, e o excesso de oferta de novos navios nos últimos anos, explicam a queda do frete dos graneleiros para níveis históricos. Se nas últimas semanas se assistiu a uma recuperação da actividade neste sector e a uma correspondente subida do preço do frete, o facto é que, como nota a Allied Shipbroking, a actividade estagnou novamente. A situação é preocupante, como revelou ontem na conferência da Coaltrans Asia que teve lugar em Bali, um especialista da área. Para o preço do frete voltar ao lucro é necessário uma redução de 30% do excesso de tonelagem. Jayendu Krishna, director da Drewry Maritime Advisors, está também pessimista pois não vê para já um aumento da procura de minério de ferro que possa beneficiar os graneleiros. Contudo o estudo revelado hoje, “The Road to Recovery” da consultora BIMCO revela que os graneleiros poderão, já em 2019, regressar aos ganhos se os armadores seguirem as recomendações propostas no novo modelo de análise “zero supply side growth”. Em síntese, para que o retorno ao lucro seja possível é necessário que nos próximos anos se chegue à neutralização entre a entrega de novos navios e o desmantelamento de navios mais antigos. Para o presidente da BIMCO, Philippe Louis-Dreyfus, que reconhece as terríveis condições porque o sector está a passar a mensagem é : “We cannot expect to be helped by growth in demand, the recovery of the market is wholly and exclusively in the hands of us, the shipowners”. Reconhecendo que as medidas necessárias para se chegar ao “zero supply growth” não serão fáceis, só aconteceu três vezes ao longo da história no sector, serão contudo absolutamente necessárias para tirar o sector da crise. Para Louis-Dreyfus o desmantelamento de navios antigos terá benefícios não só no preço do frete mas também em termos ambientais e segurança das tripulações. Se para já esta nova metodologia da BIMCO se restringe aos graneleiros, em breve a consultora irá divulgar uma análise com as mudanças fundamentais para os outros sectores do transporte marítimo.
