A Secil inaugurou Terça-feira a unidade de produção de algas em Pataias, representando um investimento global na ordem dos 16 milhões de euros, 10 milhões de capitais próprios e 6 milhões de Fundos Comunitários.
O projecto iniciado em 2007 e operacional, em fase de protótipo, desde 2010, foi revisto e redimensionado em 2015, entrando agora em plena fase de efectiva produção industrial.
O projecto é, na realidade, duplo, respeitando, por um lado, de facto, à produção de microalgas mas, por outro, também ao sequestro das emissões de carbono, CO2, inerentes ao processo de produção de cimento.
A nova unidade de produção de microalgas encontra-se, como se sabe, adjacente à unidade da Secil de Pataias de produção de cimento branco, usado sobretudo em obras de arte e edifícios emblemáticos, como é, entre nós, o caso mais emblemático da Casa da Música, no Porto, encontrando-se já em pleno funcionamento um sistema de captação das respectivas emissões de CO2 para alimentação das algas no processo natural de fotossíntese.
Embora em plena operação mas ainda apenas em fase experimental, o sistema deverá no entanto ser expandido à escala industrial nos próximos três anos, momento em que se espera tornar de facto possível atingir já uma capacidade de sequestro na ordem dos 20 a 25% do total de emissões libertadas no processo de produção do cimento, para, com nova evolução, atingir mesmo, em 2030, uma taxa na casa dos 40%.
Segundo os dados fornecidos, de ponto de vista meramente técnico, a questão é já meramente de escala e financeira, sendo já teoricamente possível atingir um sequestro de 100% com a actual tecnologia, embora com custo proibitivo, mas os responsáveis pelo projecto não já dúvida que, a prazo, essa será mesmo a meta a atingir.
Entratnto, no que respeita às microalgas, a nova unidade de Pataias, a ser gerida pela Allmicroalgae, está neste momento a produzir dois tipos de microalgas, a Chlorella vulgaris, uma das poucas espécies de microalgas que se encontram aprovadas pela Comunidade Europeia como ingrediente e suplemento alimentar, bem como a Nannochloropsis sp., um dos géneros mais utilizados para aplicações em aquacultura, pela sua composição rica em ácidos gordos e restantes nutrientes, incluindo o agora muito famoso Omega 3.
Importar notar que se imagina existirem mais de 300 mil espécies de algas e que tão somente menos de 8% estarão devidamente estudadas e catalogadas, sendo exactamente também um dos objectivos do projecto da Allmicroalgae o estudo de outras espécies para produção.
De qualquer modo, neste momento, produzindo a Chlorella para fins alimentares, para além do mercado de exportação, com especial destaque para a Alemanha, como sucedia até agora, na fase de protótipo, a Allmicroalgae já tem algumas parcerias estabelecidas com outras empresas portuguesas tendo em vista o desenvolvimento de novos produtos com incorporação da Chlorella, onde se inclui desde os gelados do Santini, onde já é possível saborear um gelado de Chlorella, até à Sovena que está a lançar um novo Azeite Oliveira da Serra Extra-Virgem com Chlorella, ou a Telhas Confeitaria que está já também a produzir biscoitinhos de Chorella, entre algumas outras parcerias onde não pode esquecer igualmente o Chefe Vitor Sobral e aplicação da Chlorella às suas famosas receitas.
No que respeita à Nannochloropsis sp., a sua produção visa as raçoes para animais, em especial, neste momento, a aquacultura, não se devendo nunca esquecer que, além de ser um mercado em crescente expansão, as actuais razões, produzidas à base de farinha de peixe, tornam o sistema insustentável aprazo, independentemente de outras razões de ordem nutricional.
Em todo este enquadramento, importa igualmente salientar a singularidade de todo o processo de produção estar assente num processo em sistema fechado, passando do laboratório à fermentação e um sistema de tubos de fotobioreacção, sistema este que inclui 300 Km de tubos em acrílico especialmente produzidos para o efeito e que constitui, no seu todo, certamente o maior sistema do seu género na Europa e, provavelmente, mesmo em todo o mundo.
Em simultâneo, pretendendo a Secil que a nova unidade se constitua também como um Centro de Investigação e Desenvolvimento, não deixa de ser igualmente de sublinhar a singularidade das parcerias estabelecidas com terceiras empresas, universidades e centros de investigação, para o desenvolvimento de novas aplicações e novos produtos nas mais variadas áreas.
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