Estados recusam a criação de um santuário oceânico na Antárctida, pelo que Greenpeace acusa a comissão (CCAMLR) de “falhar no seu mandato”.
Antartic Ocean Comission

A expectativa era grande e a medida importante para a sobrevivência de um dos locais mais sensíveis do planeta, a Antárctida. No entanto, a proposta da Antartic Ocean Comission (CCAMLR) falhou cabalmente na imposição de metas, nomeadamente no que respeita à criação de um santuário oceânico na Antárctida, segundo comunicado oficial.

 

Pelo que o Greenpeace International acusa a comissão de “falhar o seu mandato”, ao ter permitido, de certa forma, que, na última reunião em Hobart, Tasmânia, tendo o apoio de 22 dos 25 Estados-membros e de mais 3 milhões de pessoas do mundo, não tivessem avançado com a proposta.

 

Classificada como uma “oportunidade histórica para criar a maior área marinha protegida do planeta na Antárctida: vida selvagem protegida, controlando as alterações climáticas e melhorando a saúde dos nossos oceanos”, o problema foi que “22 delegações vieram aqui para negociar em boa fé, mas na vez disso, sérias propostas para a protecção marinha urgente foram recusadas por intervenções que mal encaixam com a ciência”, explicou Frida Bengtsson, da campanha «Proteger a Antárctida», da Greenpeace, identificando a China e a Rússia como oposição.

 

Por seu turno, a Noruega, na tentativa de juntar “o melhor dos dois mundos”, medeou um plano que consistia em dividir a área em questão ao meio, com o intuito de alcançar um consenso, pelo que acabou por lhes ser proposto que se comprometessem com um plano de trabalho para a criação de uma rede de áreas marinhas protegidas em grande escala. A Rússia, por sua vez, desde que lhe foi imposta a protecção do Mar da Rússia, tenta lutar pelo reverso, na busca da pesca de nicho e impedindo, agora, a comissão de criar o santuário oceânico.

 

O problema é que “estamos a ficar sem tempo, pois os cientistas dizem que é preciso criar santuários marinhos em, pelo menos, 30% dos nossos oceanos até 2030”, refere Frida Bengtsson, censurando a comissão por estar mais preocupada com a expansão da pesca do que com a conservação. Note-se, no entanto, que os membros das Nações Unidas iniciaram em Setembro negociações para o Tratado Global dos Oceanos, que pode ser a base para a criação da rede global de santuários.

 



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