No final deste ano estará concluído o projecto de Gestão de Informação e Dados de Lixo em Ambiente Marinho, ou GIDLAM, que visa “avaliar a quantidade, distribuição, composição e origem do lixo marinho, na costa de Portugal continental, procurando contribuir para o desenvolvimento de ferramentas IT de apoio à aplicação de medidas de mitigação”, conforme esclareceu recentemente Artur Costa, do CEiiA (Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel) e um dos responsáveis pela iniciativa, em entrevista publicada na Newsletter do MAR 2020.
Orçado em 550 mil euros e apoiado pelo MAR 2020, o projecto arrancou no início de 2018 e resulta de uma parceria entre o CEiiA e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). De acordo com o investigador, o CEiiA actua “principalmente ao nível do desenvolvimento e implementação do sistema de IT para a gestão de dados e disseminação de conhecimento” e o IPMA contribui “de forma mais relevante nos planos do acompanhamento do processamento dos dados recolhidos, da realização de campanhas no mar e ainda na gestão e na disseminação do projecto”.
“Para cumprir os objectivos propostos pretende-se desenvolver um sistema que assenta numa solução que integrará dados provenientes de múltiplas fontes e que irá dispôr de diferentes layers de informação”, contribuindo assim para “a gestão centralizada da informação, que será posteriormente colocada ao dispôr de todas as “partes interessadas”, referiu Artur Costa. E embora incida sobre as zonas costeiras de Portugal continental, “outras iniciativas/projectos se seguirão com âmbitos e incidência geográfica mais alargada”, referiu-nos o mesmo responsável.
Ao nosso jornal, o investigador esclareceu que “o principal resultado do projecto será um protótipo funcional de um sistema de gestão de dados relativo ao lixo marinho, que se destaca de entre os seguintes resultados esperados: protótipo demonstrador do sistema de gestão de dados, identificação das principais categorias de lixo marinho encontrado na água, fundo, biota e praias, identificação dos locais de acumulação de lixo marinho, identificação das principais fontes (sectores de actividade) e identificação de bioindicadores para implementação de programas de monitorização”.
De acordo com o seu cronograma, o projecto contempla três grandes fases: identificação das necessidades, requisitos e arquitectura do sistema (com levantamento detalhado e consequente validação das necessidades e requisitos para o funcionamento do sistema, definição da sua arquitectura e descrição do processamento, armazenamento e utilização dos dados); demonstração do sistema de gestão de dados (processamento e disponibilização dos dados recolhidos através de uma plataforma única de gestão de dados); e campanhas (planeamento e realização de missões para recolha de informação sobre a quantidade, composição e distribuição do lixo marinho assim como para recolha de espécies marinhas e identificação de espécies bioindicadoras, em praias, água e fundo marinho, para a identificação da quantidade e composição de lixo, com atribuição de especial importância às zonas costeiras adjacentes a estuários ou locais com maior impacte humano, por exemplo, a actividade piscatória e industrial e os emissários submarinos).
Com 10 pessoas envolvidas, este projecto assenta na ameaça que o lixo marinho “representa para a biodiversidade e para a sustentabilidade do oceano”, enfatizando “a importância de abordar a economia azul de forma sustentável e alinhada com a Política Marítima Integrada, o seu pilar ambiental, a Directiva Quadro da Estratégia Marinha (DQEM) e o seu pilar da investigação, e a Estratégia Europeia de Investigação Marinha e Marítima”, explicou Artur Costa ao nosso jornal.
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É importante identificar, diagnosticar em profundidade para poder agir. Mobilizar vontades e meios para começar a limpeza nos mares. É urgente começar a limpeza, fazer parcerias com quem já esteja a trabalhar no terreno. Nós somos um país marítimo, temos que avançar. Parabéns por esse trabalho.