O sudeste asiático regista cerca de 60 por cento da pirataria marítima mundial, substituindo a costa oriental africana como principal foco deste fenómeno, segundo conclui um relatório recente da seguradora Allianz.
Divulgado no mesmo dia em que o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitou as Ilhas Seychelles para abordar a questão da pirataria marítima, o relatório alerta para o risco acrescido que o fenómeno representa para os navios australianos, dado o elevado volume de tráfego proveniente de portos da Austrália com destino ao Mar da China Meridional e o Estreito de Malaca.
De acordo com o relatório, as águas do Vietname são as mais perigosas do sudeste asiático, respondendo por 55 por cento dos ataques ocorridos em 2015 (147), mais 37 por cento do que no ano anterior. E o porto vietnamita de Vung Tau foi mesmo considerado o local mais perigoso, com mais de metade dos sequestros registados no ano passado.
A Indonésia é outro local problemático. Segundo o relatório, as próprias autoridades do país manifestaram preocupação com o facto de os ataques a navios na sua fronteira com as Filipinas poderem atingir os níveis registados na Somália.
Esta transição do fenómeno da costa oriental africana para o sudeste asiático parece dever-se ao facto de o tráfego marítimo na costa africana ser alvo de medidas defensivas mais eficazes.
Mas a transição não está a ser igual. No sudeste asiático, os piratas preferem sequestrar navios em velocidade lenta somente para roubar petróleo, deixando os tripulantes em paz. A largo da Somália, o objectivo consistia em sequestrar os navios para reclamar resgates sobre as tripulações, gerando situações bastante mais dramáticas.
Segundo o jornal MarketWatch, no sudeste asiático, os bandidos abordam os petroleiros, sugam o combustível e libertam os navios, vendendo depois o produto do roubo no mercado negro.
Especialistas da Allianz notam que os piratas usam cada vez mais as modernas tecnologias informáticas nas suas operações, permitindo-lhes identificar cargas e obter informação sobre os locais e os navios mais vulneráveis.
“A internet das coisas expôs a indústria do transporte marítimo aos piratas”, permitindo-lhes aceder “aos registos das empresas e dos portos, bem como aos sistemas de navegação e identificação de bordo”, referiu Ron Johnson, um perito da Allianz aos meios de comunicação internacionais.
O relatório conclui pela necessidade de tecnologias informáticas mais robustas e seguras por parte da indústria do transporte marítimo, para assegurar a monitorização da circulação das cargas roubadas.
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