O mais recente relatório do Ocean Beyond Piracy dá conta do número de actos de pirataria envolvendo o rapto de tripulantes seguidos do respectivo pedido de resgate, ter aumentado dos 19 casos verificados em 2015 para os 32 registados até agora em 2016.
Nesse enquadramento, o Golfo da Guiné é mesmo considerado como a região mais perigosa do mundo para os marítimos, segundo a IMB, International Maritime Bureau, que registou, apenas no primeiro trimestre de 2016, 10 actos de pirataria que envolveram o rapto de 16 tripulantes, como também é assinalado no relatório.
Por outro lado, o Centro de Informação da Marinha Mercante para o Golfo da Guiné, MTISC-GoG, regista igualmente, como também referido no relatório, 56 actos de pirataria desde Abril de 2015, com rapto de 35 tripulantes.
Um número que tem vindo a aumentar consistentemente, verificando-se um aumento de 16% de incidentes envolvendo rapto e consequente pedido de resgate em 2014, para 28% de casos em 2015.
Entre as razões para este aumento de raptos e consequente pedido de resgate está, naturalmente, uma eventual melhor patrulhamento das áreas marítimas sobretudo pela Marinha Nigeriana que, dado o roubo de petróleo e outros produtos refinados requerer tempo e, por conseguinte, aumentar o perigo de serem apanhados, terá conduzido a uma alteração de estratégia de modo a estarem um período de menor tempo possível a bordo, permitindo no entanto maximizar os proveitos do ataque, tanto mais quanto a baixa do preço do petróleo também foi tornando o seu roubo cada vez menos atractivo e lucrativo.
Em simultâneo, o relatório também mostra como esta nova estratégia ou mesmo este novo modelo de negócio, está a conduzir a uma crescente sofisticação dos meios usados quer para o rapto quer para a sua guarda em área cada vez mais longínquas e remotas, levando também, pela maior dificuldade em serem apanhados, a exigências de valores cada vez mais elevados de pagamento de resgate.
Sendo tudo isto conhecido mas sabendo-se também os custos do aumento de patrulhamento marítima da região, o relatório não deixa de concluir também, algo melancolicamente, não se prever uma diminuição do número de incidentes nos tempos mais próximos, bem pelo contrário, apontando assim para muito do que deve ser feito em termos de prevenção e preparação das tripulações que demandem a área.
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