Uma semana depois da decisão do Tribunal de Haia sobre o Mar do Sul da China, Pequim procede a uma demonstração de força ao largo das Ilhas Hainan.

Pequim vai efectuar grandes manobras militares navais ao largo das Ilhas Hainan entre amanhã e Quinta-feira, numa inequívoca demonstração de força e desagrado pela decisão do Tribunal Arbitral de Haia que lhe foi desfavorável, dando o reconhecimento e providência às reclamações apresentadas por Manila.

Apesar das Ilhas Hainan estarem muito acima do paralelo das Spratley, bem como até das Paracels, a zona ficará estritamente interdita a toda a navegação ou aviação, o exercício, apesar de anunciado como de rotina, não deixa de ser significativo, tendo sobretudo em mente as várias declarações produzidas recentemente por várias autoridades chinesas, entra as quais o Almirante Sun Jianguo, Chefe-de-Estado Maior Adjunto da Comissão Militar Central, que terá advertido numa reunião interna,  realizada à porta fechado mas não sem deixar transpirar algo para o exterior, como relatado pela Reuters, poderem as patrulhas navais realizadas por marinhas estrangeiras no Mar do sul da China acabar em desastre, adiantando mesmo que a questão da liberdade de navegação é uma mera ficção que algumas nações sobrevalorizam excessivamente, logo interrogando retoricamente sobre quando e em que circunstâncias é que a liberdade de navegação foi colocada ou esteve em causa no Mar do Sul da China.

Nesse enquadramento, Sun Jianguo, respondendo e concluindo, adiantou ainda nunca tal ter sucedido, nem no passado nem na actualidade, como nunca tal se verificará no futuro, pelo menos enquanto todos procederem de forma clara, impa e correcta, sendo mesmo a China quem mais beneficia da liberdade de navegação no Mar do Sul da China, não admitindo assim a ninguém que possa tal colocar em causa.

Sun Jianguo não deixou, no entanto, de afirmar a firme oposição de Pequim à chamada liberdade de navegação militar uma vez comportar em si uma inegável ameaça militar que desafia e desrespeita a lei internacional do mar, concluindo, sem mais elaborar, entender esta liberdade de navegação militar prejudicial à liberdade de navegação no Mar do Sul da China e poder até terminar de forma desastrosa.

Dirigidas as advertências, notória e primordialmente, aos Estados Unidos, Pequim e Washington não deixam todavia de manter estreitas relações de proximidade e comunicação, como a visita que John Richardson, Chefe das Operações Navais da Marinha Norte-Americana, como ontem noticiado, se encontra neste momento a realizar à China.



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