O mercado da energia eólica offshore no Japão pode vir a constituir uma oportunidade interessante para os fornecedores estrangeiros de turbinas eólicas, na sequência do fim das vendas desse equipamento pelo fornecedor local Hitachi e de anúncios recentes orientados para o aumento da produção de energia eólica offshore naquele país.
O Safety4Sea referia recentemente que a Tokyo Electric Power (TEPCO), uma importante distribuidora japonesa de electricidade, fez vários anúncios em Janeiro deste ano alusivos às suas ambições na energia eólica offshore e que o Governo nipónico já aprovou legislação que prevê o direito de ocupação de áreas offshore até 30 anos para o desenvolvimento de novas iniciativas, acrescentando que já foi instituído um grupo de trabalho para introduzir padrões de gestão e manutenção de projectos eólicos no mar.
A publicação refere também que estão em curso discussões para agilizar processos de candidatura a projectos offshore sob direcção dos portos e dos quais devem resultar propostas já no primeiro semestre deste ano, possivelmente nos municípios de Aomori e Nagasaki.
Estes anúncios surgem num momento em que o Japão enfrenta dificuldades para retomar a sua produção de energia nuclear, que sofreu um sério revés na sequência da tragédia da central de Fukushima, em 2011. De acordo com a publicação, só nove reactores nucleares estavam em actividade em 2018, com uma capacidade e produção de 9 Gigawatts (GW). Mas o país tem uma meta de retomar a produção de 30 reactores nucleares, fazendo a energia nuclear corresponder a 22% do seu mix energético.
Além disso, a consultora Wood Mackenzie, citada pela mesma publicação, estima que em 2030, o Japão enfrentará um défice de 10 GW na produção de energia face às suas necessidades. O que poderá implicar soluções como a importação de carvão ou o recurso às energias renováveis, designadamente através da produção de energia eólica offshore.
Nesse contexto, a consultora considera que a médio e longo prazo a produção de energia eólica offshore no Japão pode ser promissora, sobretudo com a entrada da TEPCO neste segmento. A Wood Mackenzie, porém, admite dúvidas sobre a consolidação plena de uma cadeia de fornecimento local para a energia eólica offshore em 2020.
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