Em dois dias, o Governo faz uma ofensiva pelo papel de Portugal no contexto do mercado do gás natural liquefeito. Ontem, foi António Costa a defender Sines como porta de entrada do GNL na Europa; hoje, a ministra do Mar defende a posição geoestratégica do nosso país para funcionar como hub de transhipment para vários mercados
NELO Kayaks

Um dia depois de o Primeiro-Ministro ter assumido a ambição de fazer de Portugal a porta de entrada do gás natural na Europa e assim garantir a segurança energética europeia, actualmente muito dependente da Rússia ou da Argélia, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, é hoje a oradora principal na abertura da 18ª edição da World LNG Summit, um dos maiores eventos mundiais da indústria de gás natural liquefeito (GNL), que decorrerá em Lisboa até 1 de Dezembro.

Segundo o Governo, a intervenção da ministra do Mar está precisamente relacionada com “a promoção de Portugal como Hub de GNL, conforme consta na Estratégia de Aumento da Competitividade Portuária – Horizonte 2026, recentemente aprovada em Conselho de Ministros”.

O Governo antecipou o conteúdo da intervenção da ministra, que deverá incidir sobre a posição geoestratégica de Portugal, que “confere ao país uma vantagem competitiva potencial para explorar três oportunidades de negócio emergentes no mercado do GNL”, a saber: “funcionar como área de serviço atlântica para os navios que começarão a usar o GNL como principal combustível através de infra-estruturas de abastecimento flutuantes e portuárias; aumentar a sua operação como hub de re-exportação transcontinental de GNL, que actualmente já se realiza para a Índia, mercados da América do Sul e do Extremo Oriente; e funcionar como hub de transhipment regional de GNL para os mercados do Norte da Europa e África Ocidental, criando «pipelines» oceânicos de GNL virtuais, recorrendo às tecnologias de isocontentores intermodais e de barcaças modulares, por exemplo”.

No contexto do mesmo evento, Portugal e os Estados Unidos emitiram uma declaração conjunta para o aumento de cooperação do GNL marítimo, sublinhando precisamente “a importância estratégica do porto de Sines como hub de GNL atlântico e da relação Portugal-EUA na promoção do GNL marítimo como factor de reforço da diversificação da segurança energética europeia, de melhoria do desempenho ambiental do transporte marítimo e de reforço da sustentabilidade da economia azul, com uma indústria geradora de empregos qualificados e inovação tecnológica”, conforme referiu o Ministério do Mar.

A declaração foi emitida na sequência de um encontro bilateral de delegações políticas de Portugal e dos Estados Unidos em que estiveram presentes a ministra do Mar, o Deputy Assistant Secretary of State for Energy and Natural Resources, John McCarrick, e o Embaixador dos EUA em Lisboa, George Glass. Na declaração conjunta, entre outras mensagens, é recordado que “o porto de Sines recebeu a primeira carga de GNL para a Europa em 2016 e continuou a ser o destino europeu número um para o GNL dos EUA”.

Foi igualmente subscrito por ambas as delegações que o “Departament of State dos EUA e o Ministério do Mar de Portugal continuarão a trabalhar em conjunto para ajudar a Europa a diversificar os seus fornecimentos energéticos através de novas fontes de gás natural, novas interligações vitais, novas infra-estruturas de GNL marítimo e de importação de GNL.”



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill