Numa rara alusão ao papel geoestratégico do Árctico na política global, os Estados Unidos, pela voz do seu Secretário de Estado (o equivalente a Ministro dos Negócios Estrangeiros), Mike Pompeo, aproveitou a reunião do Conselho do Árctico, na Finlândia, para, um dia antes do encontro, acusar a China de ter ambições militares nessa região e a Rússia de querer impôr regras próprias à navegação nas suas águas do Árctico, referem vários meios de comunicação internacionais.
Às declarações de Pompeo não terão sido alheios os acordos recentes de empresas públicas chinesas para participarem em projectos russos de exploração de hidrocarbonetos no Árctico nem a cada vez mais moderna frota de quebra-gelos nucleares russa. Nem tão pouco a recente decisão de Moscovo de obrigar os navios de pavilhão estrangeiro a terem uma autorização para atravessar a Rota do Árctico russa, independentemente do direito de passagem inocente, e necessariamente com um piloto russo a bordo.
Não terão sido igualmente alheias aos importantes recursos naturais do Árctico, como gás e petróleo, entre outros, cada vez mais acessíveis graças ao degelo, que permitem uma navegação mais frequente nas águas da região. O próprio Mike Pompeo fez-lhes referência quando admitiu que o Árctico alberga 13% das reservas mundiais de petróleo por explorar e 30% das reservas mundiais inexploradas de gás, além da abundante quantidade de urânio, minerais raros, ouro, diamantes e de milhões de quilómetros quadrados de outros recursos por explorar.
Face a estas ambições russas e chinesas, Pompeo reconheceu que os Estados Unidos devem permanecer vigilantes relativamente ao Árctico, que, pelas potencialidades que encerra, será cada vez mais um centro de disputa de poder e influência a nível internacional. E considerou que este é o momento de os Estados Unidos se erguerem como nação do Árctico, sob pena de a região se transformar num novo Mar do Sul da China, militarizado, sobre-explorado e desregulado.
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