Confrontada com críticas que têm sido feitas às dragagens previstas para o estuário do Sado para permitir ao porto de Setúbal receber navios maiores durante uma entrevista à Antena 1, a presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Lídia Sequeira, refutou argumentos e clarificou posições.
Uma das principais críticas feitas às dragagens, que deverão começar em meados de Novembro, tem sido a do seu efeito nos golfinhos do Sado, que poderão ser afectados pelo ruído da draga. A isto Lídia Sequeira contrapôs que a draga escolhida pela APSS é moderna, com uma dimensão significativa e características específicas para minimizar o impacto do ruído.
Além disto, referiu a responsável, “os golfinhos já têm vindo a conviver com o ruído de barcos de recreio e da náutica de turismo”. Todavia, admitindo sem questionar que os golfinhos são sensíveis ao ruído, Lídia Sequeira recordou que o compromisso da APSS, “já contratualizado”, é o de que as dragagens sejam “devidamente acompanhadas por um especialista nessa área”, que vá “monitorizando sistematicamente o comportamento dos golfinhos durante a própria dragagem”.
Quanto à retirada de 6,5 milhões de metros cúbicos de areia do estuário do Sado, Lídia Sequeira referiu que serão 3,5 milhões de metros cúbicos e que não retirados do estuário. Em entrevista divulgada num canal televisivo, todavia, não afastou a possibilidade de haver necessidade de retirar mais. “A areia é retirada e depositada nos locais aprovados pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente)”. Contestou igualmente a tese de que a areia a retirar esteja contaminada. De acordo com a presidente da APSS, as amostras obtidas do leito do rio não terão revelado toxicidade, pelo que “não é verdade que esses sedimentos sejam perigosos”. “A não ser que se desconfie dos laboratórios”, rematou.
Outra critica apontada à APSS é a do risco do desaparecimento das praias do Sado por via da retirada de areias. “O porto de Setúbal não faz dragagens há quatro anos e meio; infelizmente, como é do conhecimento público, tem havido uma erosão forte em algumas praias de Setúbal”, referiu Lídia Sequeira, acrescentando que não é possível estabelecer “uma ligação científica entre as dragagens e a erosão costeira”.
Sobre essa matéria, a presidente da APSS referiu que terão que “existir outras razões, que nós nos comprometemos a estudar”, numa alusão às correntes, que poderão estar na origem da erosão. “A APSS estará na primeira linha para defesa da minimização dos efeitos negativos das dragagens, mas o que não se pode é dizer que o efeito negativo resulta daqui”, referiu.
Igualmente preocupados têm estado os pescadores e os produtores de ostras, por quem Lídia Sequeira revela “a maior consideração” e com quem admite reunir. “Todos me dizem que não são contra as dragagens”, referiu, esclarecendo que a posição desses profissionais é a de que temem que “a reposição das areias lhes possa trazer prejuízo relativamente à fauna piscícola, que é a sobrevivência deles”.
A presidente da APSS discordou também das críticas de falta de esclarecimento da população que têm sido feitas àquela administração portuária. “Estamos sempre abertos a todos os esclarecimentos”, referiu, sublinhando que foram promovidas várias sessões de esclarecimento, lembrando o período de consulta pública a que o projecto das dragagens esteve sujeito e considerado “injustas” as teses de que a operação “é feita pela calada”.
Questionada sobre se a APSS está disposta a “voltar atrás” se ocorrerem problemas, Lídia Sequeira respondeu que “à medida que forem surgindo problemas, obviamente que isso implicará que os trabalhos sejam parados para que se tomem as medidas que evitem os danos que eventualmente possam vir a ser feitos”.
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