Um estudo realizado por investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), concluiu que o extracto de sargaço, uma mistura de algas marinhas castanhas abundante em Portugal, tem potencial como biofungicida para uso agrícola superior ao da alga Ascophyllum nodosum, há muito usada pela indústria para esta finalidade.
O anúncio foi feito em comunicado pela FCTUC, onde se lê, citando João Cotas e Leonel Pereira, investigadores do MARE, que várias experiências comparativas “demonstraram que os compostos bioactivos extraídos do sargaço são bem mais eficazes que o substrato comercial da alga Ascophyllum nodosum”, revelando “bom desempenho do sargaço como bioestimulante (activa o sistema imunitário das plantas para se protegerem, por exemplo, de pragas) e como fertilizante”.
“No final do projecto, que deverá estar concluído dentro de dois anos, os parceiros envolvidos vão fornecer um conjunto de abordagens alternativas aos pesticidas sintéticos tendo em vista uma redução global de 50% no consumo de pesticidas, exigida pelo Acordo de Grenelle, bem como a diminuição da emissão de gases de efeito estufa do sector agrícola” refere a FCTUC.
Segundo esclarece a FCTUC, o estudo “foi realizado no âmbito do projeto NASPA – Natural fungicides against air & soil borne pathogens in the Atlantic Area, que junta 17 parceiros (cientistas e indústria) de Espanha, França, Irlanda, Portugal e Reino Unido”, financiado “com mais de dois milhões de euros (2.245.500,00€) pela União Europeia, através do Programa INTERREG”, com o objectivo de “encontrar substitutos naturais baseados em macroalgas marinhas para produtos químicos utilizados na agricultura, especialmente herbicidas, fungicidas e fertilizantes, estimulando uma agricultura mais verde e sustentável em toda a zona Atlântica”.
“No âmbito do projecto, a equipa da FCTUC está igualmente a estudar, em colaboração com uma empresa espanhola, a possibilidade de utilizar quatro macroalgas marinhas vermelhas portuguesas para o mesmo tipo de aplicação”, porque, explicam João Cotas e Leonel Pereira, “normalmente só são estudadas e testadas algas castanhas, mas as vermelhas possuem características que indicam potencial para produzir substâncias protectoras contra agentes patogénicos que afectam as plantas e solos”, refere o comunicado.
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