Uma queixa apresentada à CNE por um Deputado do Parido Socialista leva ao cancelamento da celebração em Cascais do Dia Europeu do Mar, tal como anteriormente anunciado. Extraordinário? Não, apenas mais uma prova dos dias absurdos a que chegámos e estamos a viver, e como, para o Partido Socialista, os interesses partidários se sobrepõem sempre e em absoluto aos interesses de Portugal. Tristes dias.

Devemos entender o cancelamento do Dia Europeu do Mar a ser assinalado hoje em Cascais, como anteriormente anunciado, como um acontecimento extraordinário?

Infelizmente, longe disso.

Infelizmente, quase se diria mesmo esperado, sobretudo quando se sabe tal cancelamento não se ficar a dever senão a uma queixa apresentada por um Deputado do Partido Socialista à CNE (Comissão Nacional de Eleições) julgada procedente.

Infelizmente, como bem se sabe, para o Partido Socialista os interesses partidários sempre prevalecem como valor absoluto sobre quaisquer outros, incluindo os interesses de Portugal.

Ainda não nos encontramos em período de «Campanha Eleitoral», mas são as correspondentes regras para tal período que prevalecem porque, neste momento, para o Partido Socialista, qualquer evento onde os mesmos Socialistas não pontifiquem e possam propagandear a sua habitual verborreia eleitoralista, não é digno de ocorrer, uma vez não poder deixar de ser senão, por certo, «manobra da reacção».

E, infelizmente, não havendo tempo para responder à CNE, prudencialmente, cancela-se o evento.

Como se compreende, a gravidade de toda este imbróglio reside, essencialmente, muito mais no que simboliza e revela do que no cancelamento em si.

Não haver a celebração, em Cascais, Dia Europeu do Mar, por si mesmo, não é particularmente grave, mas não haver celebração do Dia Europeu do Mar em Cascais pelas razões que levam a que não haja em Cascais celebração do Dia Europeu do Mar, sim, é gravíssimo.

Celebrando agora a sua primeira década, o projecto do Jornal da Economia do Mar foi lançado por se entender que, não sabendo olhar para o seu Mar com olhos de ver, Portugal tenderá a caminhar, inevitavelmente, para a dissolução enquanto Nação verdadeiramente Soberana, Livre e Independente.

Não é difícil entender porquê: o Mar é o último activo económico de real valor que nos resta _ e a sua importância em termos económicos não deixa de ser crescente, como é patente da crescente importância da aquacultura em mar aberto, dos biorecursos e biotecnologia, ou até mesmo, eventualmente, à inevitável mineração de recursos em mar profundo; tal como é o Mar que nos dá ainda real valor Geoestratégico e Geopolítico, assim o saibamos compreender e defender, sem deixar de ser, evidentemente, um factor decisivo do que hoje se vulgarmente designa como «Identidade», assim saibamos ter consciência de nós, de Portugal, como a verdadeira eminente Nação Marítima que é para ser e que é também exactamente quanto a singulariza na Europa e no Mundo.

Nesse sentido, o que sempre se defendeu também foi a necessária correlação entre o desinteresse pelo Mar e o desinteresse por Portugal, e vice-versa, como ficou bem patente nos consulados de António Costa, enquanto Primeiro-Ministro, e do Partido Socialista ao longo dos últimos quase nove anos, de 2015 a 2024, como a seu tempo devidamente se assinalou.

Por isso mesmo a interrogação que nos fica sobre a esdrúxula queixa respeitante à celebração do Dia Europeu do Mar, em Cascais, é bem mais grave _ gravíssima mesmo: são as verdadeiras razões da queixa as patéticas razões apresentadas ou, sob a capa de tão patéticas razões, o que verdadeiramente se visa é muito mais alto?

Afinal, sabemos também, se Portugal não olhar com olhos de ver para o Mar, para o seu Mar, se não souber ter consciência da Nação Marítima que é, e é para ser, muito mais facilmente de diluirá na Europa.

É isso que queremos?



3 comentários em “Cancelamento do Dia Europeu do Mar em Cascais”

  1. Fernando Fonseca diz:

    Afinal em que conistiu a queixa?

    1. Interferência no Acto Eleitoral

  2. Manuel Ferreira Fernandes diz:

    Lamentável. A experiência evidencia de facto que o Partido Socialista é um inimigo declarado do Movimento Associativo e das suas iniciativas. Excepto dos que controla e pode governar sem escrutínio dos associados. Muito apreciaria e agradeceria que o evento fosse remarcado.
    Porque o Mar é um activo demasiado importante para o futuro de Portugal.

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