Para travar o aumento da gravidade e do número dos episódios de branqueamento de recifes de corais, “torna-se claro que precisamos de limitar o aumento do aquecimento global bem abaixo de 1.5 graus centígrados”, referia ontem Janice Lough, investigadora no Australian Institute of Marine Science (AIMS), no site oficial desta instituição.
A conclusão resulta de uma observação dos impactos do stress térmico nos recifes de corais realizada ao longo dos últimos 18 meses em todo o planeta. No site do AIMS também se refere que um aumento de 0.9º da temperatura global média ao longo dos últimos dois anos já provocou efeitos visíveis de branqueamento em muitos dos recifes de corais do planeta, comprovando a sua susceptibilidade ao stress térmico.
Recorde-se que o compromisso obtido em Dezembro de 2015 na conferência internacional de Paris sobre as alterações climáticas (COP 21) prevê um aumento máximo de 1.5º da temperatura média global.
“O clima está a mudar rapidamente para os ecossistemas dos recifes de corais tropicais, que já estão a revelar alguma vulnerabilidade, mesmo perante aumentos de temperatura média global relativamente modestos registados até há data”, refere a cientista do AIMS.
Com o aumento médio da temperatura global, aumenta também a temperatura da água o que faz com que os recifes de corais libertem uma alga que vive nos seus tecidos (zooxanthellae) e constitui a sua principal fonte de alimento. Com o fim da relação simbiótica que têm com a alga, ou seja, sem alimento, os recifes de corais embranquecem e ficam vulneráveis.
A investigação desenvolvida pelo AIMS enquadra-se no trabalho do instituto relacionado com os recifes de corais, no qual se destaca a simulação, monitorização e avaliação do efeito das alterações climáticas, da acidificação dos oceanos e da qualidade da água na vida marinha na Grande Barreira de Coral, situada entre o nordeste da Austrália e as ilhas de Papua Nova-Guiné.
Este recife é o único organismo vivo que pode ser visto do espaço e, segundo algumas fontes, contribui com cerca de 3,6 mil milhões de euros anuais para a economia australiana. De acordo com Mark Read, Chefe das Operações de Apoio do Parque Natural da Grande Barreira de Coral, o recife representa “cerca de 70 mil postos de trabalho, 64 mil dos quais directamente ligados ao turismo”. Mas se a isso associarmos “o valor do património natural do recife, torna-se muito, mesmo muito difícil atribuir um valor monetário”, refere o mesmo responsável.
Para o êxito e carácter inovador desta investigação contribui uma tecnologia de ponta de digitalização e automação da Siemens, o controlador SIMATIC PCS 7, utilizada no simulador do oceano SeaSim, instalado no AIMS, e que permite realizar diversas experiências simultâneas durante um longo período.
A finalidade do SeaSim, no qual se simulam mais de 344 mil quilómetros quadrados de costa numa infra-estrutura com metade da dimensão de um campo de futebol, é “criar um sistema e automação de processos e de instalações completo, capaz de realizar investigação científica marinha de alta qualidade num ambiente de aquário”, esclarece a Siemens. Custou cerca de 24 milhões de euros e já contribuiu para criar mais de 5 milhões de larvas de coral destinadas a experiências científicas.
Segundo admite David Souter, Director do Departamento de Investigação do AIMS, “com o SeaSim ficamos habilitados a realizar experiências de uma complexidade antes nunca vista; a base de todos os sistemas de monitorização no SeaSim é a tecnologia fornecida pela Siemens; é a primeira vez que conseguimos analisar os múltiplos parâmetros ambientais que afectam os organismos marinhos”.
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