Altos responsáveis de Israel estarão a rever detalhadamente o acordo com o Shanghai International Port Group (SIPG) para a gestão do terminal de contentores de Haifa depois de algumas referências na imprensa, de acordo com as quais se essa gestão se viesse a confirmar, isso poderia colocar em causa as operações dos Estados Unidos naquele porto, noticia o Maritime Executive.
A especulação relaciona-se com o facto de essas operações norte-americanas incluírem escalas de navios de guerra em Haifa, onde está situada a maior base naval de Israel, e de isso não ser compatível com uma presença chinesa nas proximidades, que poderia envolver actividades de espionagem por parte de Pequim e com isso colocar em risco a segurança dos navios de Washington.
De facto, segundo a publicação, quando Israel abriu concurso para um novo operador portuário em Haifa em 2015, a SIPG foi o único concorrente e as duas partes assinaram um acordo para a concessão do porto a partir de 2021. Segundo o Comandante Kyle Raines, oficial da Marinha dos Estados Unidos, citado pela Maritime Executive, não eram previsíveis mudanças na presença dos norte-americanos Haifa, mas nada impediria que elas viessem a ocorrer.
Embora seja relativamente consensual que os chineses são interessantes do ponto de vista económico para Israel nesta operação, um alto responsável terá admitido ao Times of Israel que a decisão de concessionar o terminal portuário à SIPG foi certamente muito ponderada.
O Maritime Executive recorda que a SIPG opera o terminal portuário mais movimentado do mundo, no porto de Xangai, e que a maioria das suas acções são detidas pelo Governo de Xangai. E que a China tem alargado rapidamente a sua rede de operações portuárias em todo o mundo, designadamente no Paquistão, Sri Lanka, Myanmar, Grécia, Djiboutti e Tanzânia, entre outros locais, gerando preocupações de segurança entre alguns países relativamente à presença chinesa nalguns pontos considerados estratégicos e em que as suas instalações servem propósitos militares, além de comerciais.
A publicação adianta os casos de Djibouti, na costa nordeste africana, onde a presença chinesa no porto local inclui instalações militares evidentes, e do Sri Lanka, onde Pequim assumiu o controlo do porto de Hambantota a troco de uma redução da dívida do país à China, gerando preocupações na Índia sobre a eventual utilização das instalações portuárias para fins militares pela Marinha chinesa.
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