Ao negligenciar o processo de desmantelamento de um dos seus antigos navios no Bangladesh, a ONG violou as suas regras de defesa do ambiente, pelas quais tem lutado e que constituem a sua imagem de marca desde há décadas
Estaleiros de reciclagem

A organização não-governamental (ONG) ambientalista Greenpeace admitiu que errou ao aceitar que um dos seus antigos navios fosse desmatleado num estaleiro do Bangladesh, onde o procedimento violou os padrões da organização e os princípios de defesa do ambiente que sustenta, conforme reconheceu recentemente numa comunicação à imprensa.

Segundo explica a ONG, em 2011, quando o navio Rainbow Warrior II deixou de estar apto a navegar em alto mar, a Greenpeace transferiu a propriedade da embarcação para outra ONG, a Friendship, bengalesa, porque ainda estava apto para servir como navio hospital, em rios ou águas interiores.

Ao fazê-lo, a Greenpeace, porém, conservou o direito de veto sobre o destino final do navio, que passou a navegar com pavilhão bengalês sob o nome de Rongdhonu, esperando que ele fosse desmantelado da melhor forma possível no Bangladesh, conforme proposto pela Friendship. Assim não terá acontecido.

Em 2018, o navio atingiu o seu fim de vida, com 61 anos, e foi desmantelado numa praia do Bangladesh, em condições que pouco ou nada terão a ver com os princípios de defesa do ambiente pelos quais a Greenpeace luta há décadas. Admitindo o erro e que devia ter dialogado sobre o assunto com dois dos seus parceiros, a Shipbreaking Platform e a Basel Action Network, a organização procura agora uma solução para que os resíduos que náo podem ser tratados de forma segura no Bangladesh o sejam foram fora do país.



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