No primeiro trimestre deste ano poderá começar a formação das duas primeiras pós-graduações sobre Economia Circular em Portugal, promovidas pela Faculdade de Engenharia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT) e o IfaS – Institute for Applied Material Flow Management, uma entidade de investigação autónoma da Trier University of Applied Sciences, da Alemanha.
A confirmação deste arranque, porém, estará dependente da adesão às pós-graduações, admitiu ao nosso jornal Carlos Oliveira Augusto, co-coordenador desta formação e CEO da Factor4Sustainability, uma empresa portuguesa de formação e consultoria em sustentabilidade e construção sustentável. Com um mínimo necessário de 10 alunos para arrancar, já existem alunos inscritos, “na sua maioria ainda em fase de apreciação de candidaturas”, referiu o responsável.
“Tratam-se principalmente, de jovens licenciados e mestres, oriundos de Portugal e dos PALOPs que reconhecem a existência de oportunidades de emprego numa área em franco desenvolvimento na Europa e no Mundo”, acrescenta Carlos Oliveira Augusto. Os destinatários principais desta formação são de dois tipos: “os titulares de uma Licenciatura ou Mestrado, das áreas humanísticas, científicas ou tecnológicas, integrados ou não no mercado de trabalho, assim como executivos e pessoas com percurso profissional que queiram adquirir conhecimentos de Economia Circular para os aplicar nas suas empresas, ou redireccionar a sua actividade”, refere o responsável.
Por essa razão, as aulas decorrerão em horário pós-laboral. Carlos Oliveira Augusto sublinha ainda que “no âmbito do acordo de parceria firmado, é possibilitado o acesso ao curso de Mestrado Internacional ministrado na Universidade alemã, sendo as duas pós-graduações (60 ECTS) equivalentes ao 1º ano lectivo do IMAT – Master in International Material Flow Management”.
Os dois cursos – Pós-Graduação em Economia Circular/Ambiente como Factor de Sustentabilidade e Pós-Graduação em Economia Circular/Gestão de Fluxos Materiais – nasceram “da constatação da ausência generalizada de formação avançada nesta área, tão actual e relevante para o desenvolvimento do País”, refere Carlos Oliveira Augusto.
O investimento é de alguns milhares de euros, “principalmente aplicados na concepção e adaptação de conteúdos, e em reuniões presenciais na Alemanha e em Portugal” e não conta com nenhum financiamento da União Europeia, esclareceu-nos o mesmo responsável. O financiamento é exclusivamente suportado pelos promotores “através de recursos próprios e, posteriormente, pelas propinas”, acrescentou.
As aulas serão ministradas na Universidade Lusófona, em Lisboa, mas está prevista a extensão da formação “ao Porto ou a outros locais do País, na modalidade presencial ou de ensino à distância, sempre que se justifique”, refere. Quanto aos formadores, são portugueses e estrangeiros, alguns ligados ao mercado, outros simplesmente académicos. “Temos uma mistura de ambos os perfis, de modo a poder aliar o rigor e a qualidade científica com o pragmatismo e as exigências do mundo empresarial, contando com a participação de docentes portugueses e alemães”, explicou-nos Carlos Oliveira Augusto.
Questionado sobre a utilidade desta formação para a economia do mar, o co-coordenador começou por esclarecer que “o estudo e a correcta apreensão dos conceitos gerais da Economia Circular, são tantas vezes mal interpretados e distorcidos” e que “temas como as energias renováveis, o ecodesign, a poluição ou os resíduos são transversais e aplicáveis a todos os sectores”, acrescentando que depois, cada um dos conceitos “tem a sua aplicação específica, e que os seus especialistas saberão interpretar e implementar da forma mais adequada”.
Todavia, admitiu que no caso de Portugal, duvida “que exista algum outro domínio com maior relevância ambiental, económica e social do que o Mar”. Segundo também nos afirmou, recentemente, a Direcção do curso foi felicitada pelo Ministério do Ambiente pela iniciativa. Considerou igualmente que esta formação tem pleno enquadramento no Plano de Acção da Economia Circular recentemente aprovado pelo Governo, até porque “a Educação é um dos vectores estratégicos considerados”, argumentou.
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