Um navio patrulha da Coreia do Sul terá disparado cerca de 250 tiros contra um grupo de navios de pesca chineses. O incidente terá ocorrido esta semana, perto da Ilha Gageodo, depois de os navios de pesca chineses terem sido interceptados e mandados sair da área, suspeitos de estar a pescar ilegalmente em águas sul-coreanas.
Na ocasião, segundo fontes internacionais, com base em declarações atribuídas aguarda costeira sul-coreana, estavam mais de 40 barcos de pesca chineses, blindados com malha de aço e barras de ferro e armados, que procuraram colidir com o navio patrulha, ignorando os avisos.
Na sequência dos protestos diplomáticos apresentados contra a Coreia do Sul por causa do uso da força pela guarda costeira, a China expressou “séria preocupação” com os relatórios. “Esperamos que a Coreia do Sul lide adequadamente com a questão e, no decurso da aplicação da lei, não tome medidas extremas que colocam em perigo a segurança das pessoas”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Externas da China, Hua Chunying.
O Ministério das Relações Externas da Coreia do Sul, disse que a guarda costeira seguiu a lei doméstica, com posse legítima de armas contra barcos que cometeram uma “violação em águas do país por pesca ilegal”.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), que a China e a Coreia do Sul assinaram, os estados costeiros podem reivindicar uma zona económica exclusiva (ZEE) até 200 milhas náuticas do litoral. O que cria sobreposição nas águas da Coreia e da China – dois países que também assinaram um acordo de pesca bilateral em 2001.
O problema: de acordo com a guarda costeira da Coreia do Sul, os navios chineses estavam uma milha náutica dentro da linha do acordo de pesca e foram ordenados recuar para as águas internacionais. Face à recusa, a Coreia do Sul reagiu com força, como já tem vindo a fazer.
Alguns analistas consideram que os pescadores chineses aproveitam a situação de impasse entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul para pescar ilegalmente próximo da linha de fronteira entre os dois países, acrescentando complexidade a uma situação já de si difícil de resolver.
O passado nestas águas não tem sido melhor. Em Setembro de 2016, três pescadores chineses foram mortos num incêndio a bordo do seu barco quando uma equipa da guarda costeira da Coreia do Sul, ao tentar apreendê-los por pesca ilegal, lançou granadas instantâneas para uma sala onde se escondiam.
No entanto um guarda costeiro sul coreano, citou em sua defesa o artigo 17 da Lei de Segurança Marítima do país, que diz que “se um navio ou qualquer outra pessoa usa um objecto perigoso, como uma arma ou outros itens para atacar ou tentar atacar guardas costeiras, as armas podem ser usadas”. O funcionário da guarda costeira, Lee Sang-In, avisou que continuará a colocar um grande número de navios e oficiais “contra navios chineses ilegais”.
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