As autoridades italianas ordenaram a apreensão do navio humanitário Aquarius, operado pelas organizações não-governamentais (ONG) SOS Mediterranée e a Médecins Sans Frontières (MSF), que se encontra imobilizado em Marselha, no sul de França, desde Setembro, na sequência de lhe ter sido revogado o registo pelas autoridades de Gibraltar (tal como foi feito ao Aquarius 2 pelas autoridades panamianas, alegadamente sob pressão de Roma), referem vários meios de comunicação internacionais.
Itália reclama a apreensão do navio com base na acusação da Procuradoria Geral de Catânia, na Sicília, segundo a qual entre Janeiro de 2017 e Maio de 2018, a partir deste navio e do navio irmão VOS Prudence foram alegadamente tratados ilegalmente resíduos potencialmente tóxicos, incluindo resíduos sanitários, vestuário de migrantes e restos alimentares, em portos do sul de Itália, dos quais os operadores das embarcações terão retirado benefício económico.
Dizem vários meios de informação que, segundo as autoridades italianas, os operadores dos navios terão feito passar 24 toneladas desses resíduos por resíduos convencionais em 44 ocasiões. Neste contexto, dizem vários meios de imprensa, as autoridades italianas estarão a investigar 24 pessoas, maioritariamente relacionadas com a MSF, incluindo dois agentes da Guarda Marítima italiana, e já terão bloqueado as contas bancárias da organização em Itália.
Em comunicado, a SOS Mediterranée condenou veementemente aquilo que classifica de “novas tentativas de criminalizar a ajuda humanitária no mar” e manifestou apoio “os seus parceiros Médicos Sem Fronteiras (MSF)”. Além disso, a organização “rejeita categoricamente qualquer acusação de envolvimento em actividades ilegais”, garantindo que o Aquarius cumpriu os procedimentos regulamentares, “que nunca foram questionados pelas autoridades”.
A organização também apelou às autoridades francesas por contenção. “Confrontados com mais um ataque com motivações políticas, esperamos que as autoridades francesas mostrem contenção na aplicação desta decisão, já que o Aquarius está atualmente ancorado no porto de Marselha”, referiu a SOS Mediterranée.
A ONG esclareceu ainda que tal como a MSF, irá apoiar todos os esforços para recorrer da decisão das autoridades italianas e que face ao que classifica de pressão política continuada, foi forçada a suspender a sua acção de busca e salvamento de migrantes no Mediterrâneo.
Recorde-se que este navio tem procedido ao resgate de migrantes no Mediterrâneo que fogem da Líbia rumo à Europa, quase sempre a bordo de embarcações sem condições disponibilizadas por organizações de traficantes, que se aproveitam da situação de carência e desespero dos embarcados. O resultado é muitas vezes o afundamento destas embarcações, depois de algum tempo à deriva no Mediterrâneo com excesso de passageiros, que acabam por ser salvos por navios como o Aquarius, mas rejeitados em alguns portos, como em Itália.
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